Hoje o zero faz parte da nossa vida. Seria um absurdo pedir que o eliminassemos. Mas precisamos dele na vida simples do dia a dia ?
Como disse o matemático inglês Alfred North Whitehead ( 1861-1947) :
" O problema do zero consiste em que não precisamos de o utilizar nas operações da vida quotidiana. Ninguém sai para comprar zero peixes. De certo modo, é o mais civilizado de todos os cardinais e o seu uso só nos é imposto por modos de pensar elaborados."
No entanto, civilizações poderosas e brilhantes ( a egipcía, a grega , a romana para citar algumas ) viveram séculos sem o zero ! Teriam horror ao vazio, ao nada ? Ou à sua representação ? Mas isso não as impediu de realizar obras extraordinárias.
"Já experimentaram, por exemplo, fazer uma multiplicação, ou uma divisão, em numeração romana? " como pergunta Bento de Jesus Caraça ( 1901-1948 ) na pág. 6 dos "Conceitos Fundamentais da Matemática" ( edição de 1978 ).
Os primeiros a terem o zero no seu sistema de numeração terão sido os indianos, algures por volta do século V ! E ao ocidente terá chegado no VII, através dos árabes !
E a sua introdução não foi pacifíca. O monge Dionísio Exíguo, encarregue pelo Papa João I ( séc. VI ) de criar um calendário "esqueceu-se" de introduzir o ano zero ! Pudera ainda não o conhecia ! Daí as discussões que aparecem, em cada cem anos, sobre em que ano começa o século.
A criação do zero foi genial e facilitou-nos a vida. Hoje no século XXI muitos pensarão que ele sempre existiu...mas durante séculos milhões de pessoas viveram sem ele !
( Leituras : além da obra citada de Bento de Jesus Caraça, "Zero - a biografia de uma ideia perigosa" de Charles Seife da Gradiva. )
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