04/12/06

Por causa de um prédio que ruiu em Coimbra. Recordações...

Foi no dia 1 de Dezembro. Ruiu um prédio em Coimbra. À beira da Visconde da Luz se bem percebi. O silêncio ( ou indiferença ? ) noticioso é angustiante. Numa das mais belas cidades de Portugal cai um edifício de 4 andares em plena baixa...e parece que nada aconteceu. Calculo que a baixa Coimbrã esteja a definhar como a de muitas outras cidades.

Ao ver, na TV, as imagens do ruir do prédio lembrei-me da cidade quando, nos anos sessenta, ali chegava de carro pela antiga E.N. n.º 1. Aquela vista deslumbrante quando dávamos a última curva na colina, vindos de Condeixa, fazia-me sempre acreditar que Coimbra era a mais bela cidade do país ! Adolescente, fazia o ritual, natalício e de férias grandes de visitar a minha Avó materna, na quinta da Cioga da Serra. Era a uns 12 km ao norte da cidade. Perto de Souselas. Descíamos à cidade no "Carocha" preto, com o vidro traseiro ainda com separador central e os piscas quais braços côr de laranja ! Conduzia-o a Mariazinha, irmã da Avó. Surda e já a chegar aos setenta anos. Uma mulher de armas! Iamos às compras ou visitar os amigos dos meus pais, coimbrões de nascença e de coração, que ainda lá viviam. Os Amados. A Maria Lucília Baptista, madrinha do meu irmão Pedro. O mercado. A Ferreira Borges, seguida da Visconde da Luz e ainda da Rua da Sofia. Para mim uma só rua, sem nunca perceber qual era qual...E quando lá íamos na Páscoa, se fosse em Março, a compra da lampreia às peixeiras à beira do Mondego. Que depois a mãe cozinhava divinalmente. O Estádio do Calhabé, se a Académica lá jogasse, era visita obrigatória. O Hotel Astória. A subida ao Penedo da Saudade. A estação velha. Que nunca sabia se era Coimbra A ou B. O Largo da Portagem e a placa do Dr. Adolfo Rocha, qual cartão de visita da cidade.
Depois, já nos anos setenta, assisti ao início do crescimento da cidade...que já indiciava os defeitos futuros. A Avó já se tinha mudado para a Nicolau Chanterene. Impossível uma senhora de 70 anos e as duas irmãs manterem uma quinta. O encanto começava a perder-se...
Agora já só lá vou por razões profissionais. Ainda haverá por lá amigos da infância luandense. Por preguiça ( será ?) não tenho os seus contactos e não os visito. "Shame on me !"

Por tudo isto fui ao baú das recordações recuperar estas folhas do albúm da "Queima das Fitas" do meu pai. Foi há 70 anos !!?? Em 1936 :




A curiosidade do poema ser do Deniz Jacinto. Colega e grande amigo do pai. Personagem inesquecível. Depois da morte do pai nunca mais o vi. Morreu a 8 de Janeiro de 1998. Fui a Condeixa dar um abraço ao filho.

3 comentários:

Anónimo disse...

Tens mesmo de vir cá. A madrinha do teu irmão era uma sra que tinha vivido em Luanda? O meu irmão é amigo do filho mais novo. Ela morreu há poucos anos e a casa mantêm-se na família: as traseiras da minha casa dão para as traseiras dacasa dela. Vejo muitas vezes a Domingas.
Luísa Ivo

António P. disse...

Viva Luisa,
A Domingas ainda é viva ?
O filho mais novo é o Eduardo. Vive em Coimbra ? Diz qualquer coisa.
Beijos

Anónimo disse...

Viva Querida Amiga Luisa,



Aquilo que me aconteceu foi uma brincadeira se comparada com aquilo que o nosso grande Zé Dias teve. Mas deu para assustar.

O meu internamento de sete dias, possibilitou-me enveredar por uma reflexão sobre o sentido e modo de vida que tenho vindo a levar e concluir que tenho mesmo que me dar uma outra orientação, uma outra sortida. Tenho ainda 51 anos e com o alargamento da esperança de vida, se tiver mais cuidado, é bem possível que ainda vá a meio da "jornada". Tanta coisa para fazer nesta vida, dure o que ela durar, que vale a pena batermo-nos por ela e pelas coisas boas que ainda nos possa dar. Por isso, estou agora numa fase de construir um caminho alternativo que me habilite a ter uma melhor disposição e que me possibilite ampliar a minha dignidade, liberdade e oportunidades. Mas isto são outras contas do rosário...



Também já vi os "posts" que tu e António escreveram no "blog" dele sobre a família Leitão Mira Baptista. O pai Eduardo e a mãe Maria Lucília (ambos falecidos) eram os meus padrinhos de baptizado. Tiveram cinco filhos: o José Miguel, a Sara, a Conceição, a Zé e o Eduardo, o mais novo que vai fazer agora anos (51) no dia 22 de Dezembro.



Há três anos ou quatro, já depois da morte da Maria Lucília estive na casa deles na Nicolau Chanterenne, onde agora vive lá a Zé, e a eterna Domingas, por quem os anos não passaram por ela!!!! Nessa ocasião almocei lá em casa com o José Miguel, a Sara e a Zé. A São parece que teve um problema de saúde com alguma gravidade e por isso não pudera estar. Sei que a Zé também não estivera nada bem e não sei, sinceramente, qual será o estado dela.



Quanto ao Eduardo, também nascido (como eu) em Luanda acabei por estar com ele uns meses depois, na Figueira da Foz, numa ocasião em que ele veio com a família passar férias cá a Portugal. Na altura ele estava a viver em Tóquio e trabalhava no ICEP dessa cidade. Casado pela segunda vez com outra japonesa de quem tem duas filhas. Na altura não houve possibilidade de as conhecer. Acresce dizer que o Eduardo foi um dos meus grandes amigos de infância, a qual a vivemos juntos nos nossos primeiros 9 anos de vida até 1964, quando nós viemos para a “Metrópole” e depois, de forma, intermitente, quando nos deslocávamos a Coimbra para visitar a minha Avó e alguns amigos dos nossos pais. Depois partiu para o Japão para se licenciar em engenharia aeronáutica, que acabou por não concluir uma vez que o mestre dele exigiu que ele escrevesse em japonês o que lhe era manifestamente impossível de adquirir, em tempo, o conhecimento suficiente de uma escrita ideográfica! Por isso fez um pouco de tudo naquela terra que adoptou como segunda pátria.



Estes contactos foram reactivados pelas motivações insondáveis que os nossos recuos nos tempos nos provocam! Se isto é velhice viva a velhice! Tudo, na altura por causa de uma fotografia da minha turma da primeira ou segunda classe na escola da Associação dos Antigos Estudantes de Coimbra em Angola, que alguém digitalizou e que entretanto já a perdi porque a tinha num computador que estoirou.



Chegámos a um ponto das nossas vidas em que passamos a dar mais urgência ao reencontro com pessoas que nos são queridas e que as rotas das vidas nos afastaram. Por isso acho que seria mesmo bom podermos reencontrar-nos brevemente. E para que isto não fique engasgado, gostaria que pudesse ser ainda este ano. Mesmo que seja durante a semana!!!



Um beijo e dá um grande abraço ao Zé.



Até breve em Coimbra

Pedro M.Pais