Não sou eu que o digo. Foi Pierre Choderlos De Laclos em 1783. Respondia assim a um concurso organizado pela academia de Châlons-sur-Marne que consistia na resposta à seguinte questão : " Quais os melhores meios de aperfeiçoar a educação das mulheres ?".
De acordo com Teresa Sousa de Almeida ( que escreve a introdução ao livro que abaixo refiro ) : "Parece que Laclos terá começado o seu discurso com esta afirmação radical mas depois interrompeu a sua redacção. No entanto nesse mesmo ano (...) escreveu um ensaio sobre a mulher natural, onde subvertia algumas das ideias postas em voga por Jen-Jacques Rousseau."
Estes ensaios estão neste livro editado pela Antígona ( Março de 2002 ) :
Vale a pena lê-lo ! E esclareço já que a afirmação do cabeçalho é logo respondida por Laclos na pág. 37 :
" Onde existe escravatura, não pode haver educação : em todas as sociedades as mulheres são escravas; portanto a mulher social não é susceptível de educação. Se as premissas deste silogismo forem provadas, não poderemos negar a conclusão. Ora, que onde há escravatura não pode existir educação é uma consequência natural da definição desta palavra; o próprio da educação é desenvolver as faculdades, o próprio da escravatura é abafá-las..."
O melhor é comprarem o livro. Deixo-vos com mais duas passagens :
" Quando percorremos a história dos diferentes povos e examinamos as leis promulgadas e os costumes estabelecidos relativamente às mulheres, somos tentados a acreditar que elas apenas cederam, e não aderiram, ao contrato social, que primitivamente foram subjugadas e que o homem tem sobre elas um direito de conquista de que faz uso com todo o rigor." ( pág. 100 )
E a terminar, na pág. 130, este dois belos períodos :" A acreditar nos relatos dos viajantes, as bailarinas do Industão sabem dar ao seu olhar, utilizando um pó, a expressão do prazer, mantendo nos olhos as lágrimas ardentes que a voluptuosidade faz verter. E, mesmo sem recorrer a estas histórias, vemos à nossa volta as mulheres europeias fazer brilhar os olhos com o ardor do desejo por meio do reflexo do carmim que põem no rosto."
Relembro que tudo isto foi escrito em 1783 !!!
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