O Cantinho do teórico : a compra do Liverpool por dois milionários americanos vem confirmar a rentabilidade do futebol, nomeadamente dos clubes ingleses. Depois do Arsenal, Chelsea,Manchester United e Aston Villa ( pelo menos ) chegou a vez do Liverpool. Não deixa de ser curioso que a "pátria" do futebol durante décadas tão resistente a mudanças seja a primeira a adaptar-se a uma nova realidade que se baseia em :- o espectáculo tem que ser bom e com bons artistas;
- há que manter a ligação entre os adeptos e o clube mesmo que este seja agora propriedade de estrangeios;
- os treinadores têm que ser verdadeiros profissionais não só na direcção da equipa como também na relação com o exterior ( comunicação social, adeptos, etc );
- os estádios têm que ser fontes de rendimento ( locais de restauração, tribunas confortavéis, locais para crianças, cartões de sócio que facilitem o acesso, etc )
- os dirigentes actuam como executivos de topo que zelam acima de tudo pelos resultados de exploração das sociedades desportivas.
Não é por acaso que em Inglaterra :
- o peso financeiro dos adeptos nas receitas dos clubes é impressionante ( o Manchester United tem 100 milhões de euros de receitas de bilheteira em 250 milhões do total da facturação; o Chelsea 80 milhões vs. 225 milhões; o Arsenal 60 milhões vs. 175 milhões e o Liverpool 50 milhões vs. 180 milhões )
- a receita por espectador é 48 euros contra 32 em Espanha; 24 em Itália; 20 na Alemanha e 16 em França );
- a taxa média de ocupação dos estádios é 92 % contra 83% na Alemanha; 73% em França; 71% em Espanha e 52% em Itália;
- o Arsenal tem um novo estádio com o nome do patrocinador e um dos aspectos do negócio da compra do Liverpool visa construir um novo estádio de 60.000 lugares que já está no papel mas que não "arrancava". Pelos vistos os novos patrões prometem tê-lo pronto em 2 anos.
Os tempos são de mudança e os clubes ingleses apresentam-se na linha da frente. O que permite não só resultados financeiros mas também desportivos.
E não deixa de ser curioso como um campeonato que até há 15 anos atrás só tinha práticamente jogadores britânicos e irlandeses apresentar agora jogadores de todo o mundo. As equipas de topo têm uma minoria de jogadores britânicos e o Arsenal já chegou a jogar sem um único britânico. Para já não falar dos treinadores ( nos 4 clubes de topo há um escocês, um português, um espanho e um francês ) ! Mas o nível do espectáculo e do desportivismo mantém-se à "britânica"! É curioso ver como os "fiteiros" jogadores latinos e sul-americanos se esquecem das fitas no balneário ! Facto que se deve não só ao elevado profissionalismo dos artistas a da gestão dos clubes mas também ao apoio dos adeptos que enchem os estádios, pagam o seu bilhete e exigem aos artistas que façam o seu papel.
No fim de contas nada que o grande Bill Shankly não tivesse dito há muitos anos :
"At a football club, there's a holy trinity - the players, the manager and the supporters. Directors don't come into it. They are only there to sign the cheques".
"Football is a simple game based on the giving and taking of passes, of controlling the ball and of making yourself available to receive a pass. It is terribly simple."

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