27/03/07

A morte vista do Maputo

No rescaldo da explosão do paiol do Maputo a troca de correspondência ( maravilhas da internet) com a Paula tem aumentado e hoje recebi uma "carta" da qual transcrevo esta trecho :

"Olá António,

A recuperação é mais rápida nas zonas em que circulo e já quase não se dá pelos impactos de vidros e tectos desfeitos.
Nas zonas mais próximas, para muitos ainda vai demorar a recuperar a vida. Parece que o Governo tem ajudado e a comunidade também.
Sabes, a perspectiva da vida é muito diferente aqui. A morte e as calamidades estão muito presentes. As pessoas não têm grandes perspectivas de vida, pois a esperança média de vida é de 40 anos. Vão vivendo com o que têm. Nem sequer planeiam muito a sua própria vida. Há muita doença e a morte é uma constante diária. Nem imaginas, a quantidade de pessoas que eu aqui conheci e já morreram. Daquelas que passam regularmente pelo meu quotidiano – o homem que serve os cafés, a mãe da empregada, a filha do rapaz que lava os carros, o cunhado da minha amiga .... E vão sempre recomeçando. Alguém há-de ajudar a recomeçar. Daí o eterno "estou a pidir”.
Ao que me disseram, vê-se bem do ar que toda a zona ficou reduzida a cinzas. "


P.S. : aproveito para agradecer ao Ma-Schamba e http://lusofolia.blogspot.com/ a divulgação e recomendo uma ( muitas ) visita(s) aos mesmos

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