Da introdução de Primo Levi ao " Se isto é um homem " ( nº15 da colecção "Mil Folhas" do "Público ) :
" ..., este meu livro nada acrescenta, no que diz respeito a pormenores atrozes, a quanto já é do conhecimento dos leitores de todo o mundo acerca do tema inquietante dos campos de extermínio. Eke não foi escrito com o objectivo de formular novas acusações; servirá talvez mais para fornecer documentos para um estudo sereno de alguns aspectos da alma humana. Pode acontecer que muitos, indivíduos ou povos, julguem, mais ou menos conscientemente, que « todos os estrangeiros são inimigos». Na maioria dos casos esta convicção jaz no fundo dos espíritos como uma infecção latente; manifesta-se apenas em actos esporádicos e desarticulados e não se constitui num sistema de pensamento. Mas quando tal acontece, quando o dogma não enunciado se torna premissa maior de um silogismo, então, no fim da cadeia, encontar-se o Lager. Ele é o produto de uma concepção do mundo levada às extremas consequências com rigorosa coerência : enquanto a concepção subsistir, as consequências ameaçam-nos. A história dos campos de extermínio deveria ser interpretada por todos como um sinal sinistro de perigo."
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