" Obviamente demito-o !" . Disse o General Humberto Delgado vai para 50 anos . Era a resposta a uma pergunta sobre o que faria a Salazar caso ganhasse as eleições presidenciais.
A frase ficou célebre e terá feito escola já depois do 25 de Abril de 1974 e até aos dias de hoje. Que se levante o primeiro que nunca aplicou tal ensinamento, a maioria das vezes sem a clareza do General Delgado. Agora andam por aí muitas virgens que se fazem de esquecidas.
Pena que numa democracia parlamentar não haja quem seja capaz de dizer : " Obviamente demito-me " quando, exercendo funções de responsabilidade, não está de acordo com as linhas gerais de orientação e trabalho que são definidas por quem chefia.
Nunca foi funcionário público mas já trabalhei em empresas públicas ( vai para muitos anos ). Curiosamente foi em empresas privadas que por duas vezes me demiti ( melhor dizendo me despedi ).Tinha funções de chefia e quando os meus directores definiram objectivos e procedimentos com os quais eu não estava de acordo, disse-lhes : "Vou-me embora."
Dir-me-ão que é fácil e teria alternativas. Não foi o caso e pouco interessa.
Já o meu pai ( falecido em 1988 ) foi toda a vida funcionário público e possivelmente aprendi com ele quando, em miúdo e na adolescência, o ouvi dizer muitas vezes que existe sempre uma alternativa para quem não está de acordo com o que é definido por quem comanda : a demissão.
É evidente que para isso é preciso ter espinha dorsal.
2 comentários:
Gostei deste texto. Duvido é que nos "nossos brandos costumes", na adaptabilidade e desinteresse com que encaramos a vida e os seus momentos, haja muitos com espinha dorsal, com verticalidade, com ideias pelas quais se bata.
Também eu gostei muito deste texto.
A liberdade cultiva-se dentro de nós.
Galeota
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