02/08/07

Agosto em Lisboa, II

E Lisboa já tem o novo Presidente da Câmara em funções. A tomada de posse de António Costa foi ontem nos Paços do Concelho. Gosto do rigor e dos rituais das cerimónias oficiais. Mas convém não exagerar. A de ontem terá tido pompa de mais. Acredito que António Costa e a sua equipa consigam, em dois anos, restituir dignidade a uma Lisboa abandonada, suja e com um trânsito caótico.
Quanto ao acordo com José Sá Fernandes ( digo José Sá Fernandes e não BE ) se a intenção parece meritória receio que Eduardo Pitta tenha razão quando escreve :
" Está escrito nas estrelas que "isto" vai acabar em desastre. É só esperar pelo próximo túnel. Quem não percebe a evidência, devia meter explicador."
Quanto à cidadã Helena Roseta além do detalhe de não ter cumprimentado António Costa na sessão aquando da assinatura do livro de ponto o que mais me perturba é o seu discurso moral de que é melhor que todos os outros. Apetece-me citar o que o personagem Aue ( um SS durante a 2ª Guerra Mundial ) diz no livro "Les Bienveillantes" de Jonathan Littell ( editado pela Gallimard ) :
"Mais gardez toujours cette pensée à l'esprit : vous avez peut-être eu plus de chance que moi, mais vous n´êtes pas meilleur. Car si vous avez l'arrogance de penser l'être, là commence le danger."
P.S. : ainda não terminei a leitura do "Les Bienveillantes", mas do que já li parece-me um livro de leitura obrigatória. Denso. Perturbante. O personagem ( Aue ) conta a história na primeira pessoa. É membro das SS durante a 2ª Guerra Mundial e descreve o que viu e o que sentiu quer na frente de guerra ( esteve em Estalinegrado ) quer depois quando é inspector dos campos de concentração. A ele voltarei quando o tiver terminado

3 comentários:

hfm disse...

Gostei desta reflexão.
Quanto ao Agosto tb é em Lisboa.

sodona.leide disse...

tomar posse em mês de férias...
quer mostrar trabalho?

Anónimo disse...

Fiquei a saber que gostas do "rigor e dos rituais das cerimónias oficiais". Lembras-me, de alguma forma, um tipo que eu conheço, que se deu muito mal com a tropa, mas que aprecia a pompa e circunstância das cerimónias militares. Ou de outro que, não sendo católico, sequer cristão, gosta imenso de missas solenes em latim, à antiga, com cânticos e incenso.
Foram boas as férias, espero? Abraço.