As nossas TV's generalistas ( RTP, SIC e TVI ) encharcam-nos, nos telejornais, com reportagens in loco dos mais diversos acontecimentos. Desde o jovem obeso que come muitas guloseimas até à Assembleia Geral do BCP, passando pelos banhistas que estão ao sol quando não deviam estar ( malditos raios UV ). Ao longo dos anos vejo jovens jornalistas que presumo , nalguns casos, serem estagiários a cobrirem esses acontecimentos. A rotatividade é enorme. Curiosamente não vejo, posteriormente, nenhum passar a outra fase na estação onde trabalha. Desaparecerão simplesmente ? Curioso também é aparentemente não haver, da parte dos responsáveis das TV's, um escalonamento do jornalista de acordo com a relevância do acontecimento a cobrir e a eventual experiência de quem vai fazer a reportagem. Assim, o jornalista que entrevista o jovem obeso é capaz de no dia seguinte estar a entrevistar o Eng. Jardim Gonçalves, à saída de uma qualquer Assembleia Geral do BCP, para depois ir para a praia falar com um banhista.
Ontem ( dia 6 ) os acontecimentos do dia eram a A.G. do BCP e as novas pistas do caso Madeleine. Os directos de qualquer das três estações televisivas foram abaixo de cão ( sem ofensa para o dito ).
No caso Madeleine vimos carros a sair de parques de estacionamento e cães ingleses a snifarem e ainda ouvimos dizer que estes eram especialistas em "detectar sangue de pessoas mortas" ( sic ). Nem uma só vez vimos ou ouvimos um responsável da PJ...mas as conclusões dos jornalistas são definitivas e firmes, pouco importando se amanhã vierem dizer exactamente o oposto do que hoje disseram.
Já no Porto a facilidade com que se adjectiva o que se terá passado na Assembleia e o comportamento dos personagens na mesma é de uma ligeireza total e muitas vezes não fundamentada. As entrevistas não permitem conclusões mas as mesmas são tiradas. Em estúdio especula-se mesmo não se conhecendo os estatutos do banco e o funcionamento das A.G's.
Os sindicatos não existem para estes casos ? E os Directores de Informação o que andam a fazer ?
P.S. : foto do site da FCSH-UNL
2 comentários:
Esta entrada daria para dizer muita coisa. Mas não tenho tempo. É muito tarde, por aqui. Recordo, apenas, que qualquer iniciativa para apertar os calos à Comunicação Social tem sido chumbada, vetada ou simplesmente criticada em nome da Constituição e das liberdades. E que é mais fácil o Benfica ganhar o campeonato do que condenar um jornalista em tribunal. Ah, e as fontes. Essas. Cuja não divulgação cobre tudo. Até mesmo a estupidez militante e a ignorância de muitos dos jovens (e não jovens) destacados para os directos nas televisões. As raras excepções apenas confirmam a regra. Abraço.
Concordo com o Carlos, isto é território para um ensaio... Mas é isto o que se passa: os jornalistas são sacrossantos, e parece não haver a possibilidade de um mau-jornalismo, sequer. Apenas os jornalistas de maior relevo conseguem sobreviver incólumes à meia mea-culpa que debitam uma vez por outra... Ainda ontem toquei neste assunto no meu estaminé, numa indignação a condizer.
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