Agosto em Lisboa, XVI

Dia 13 de Agosto morreu electrocutada uma menina de seis anos. Foi numa pista de carrinhos de choque instalada no parque "La Salette" em Oliveira de Azeméis.

Li no "Público" de dia 15 :

- " Pista de carrinhos onde morreu menina não foi vistoriada antes de funcionar."

- " (...) a EDP esteve no local para averiguar as condições técnicas do equipamento a pedido da GNR. Não foram detectados quaisquer problemas na instalação elétrica do recinto itinerante.."

- " Os resultados ( da autópsia) deverão já estar na posse do Ministério Público de Oliveira de Azeméis, que investiga a morte da menina..."

Face a isto pensava eu que alguma autoridade ( GNR, PJ, MP, ...) teria isolado a pista para proceder a posterior recolha de dados. Mas não, pois ainda de acordo com o jornal :

" A pista estava ontem a ser desmontada. « As indicações que temos é que pelas averiguações efectuadas havia condições para autorizar a desmontagem da pista», adianta António Rosa, vereador da Câmara de Azeméis e membro do conselho de administração do parque «La Salette»."

Leio e espanto-me. Que conclusões poderão ser retiradas se a pista já foi desmontada ? Esta ordem de desmontagem não deveria ter sido dada por uma autoridade judicial ou policial ? E não haverá conflito de interesses na posição do vereador que autorizou tal desmontagem já que é simultaneamente membro do conselho de administração do parque ?

Podem não haver organismos fiscalizadores e regulamentação adequada. Podem haver outras questões teóricas muito "interessantes" a serem discutidas.

Mas quando acontece o caso concreto, que infelizmente foi a morte de uma criança de 6 anos, não deveriam as autoridades judiciais e policiais tomar conta do caso ?

Destes desleixos e incúrias é que eu tenho medo.

P.S. : no "Público" de hoje ( dia 16 ) já não há notícias sobre o assunto. Não caberá aos jornais desenvolverem um trabalho de pesquisa independentemente da nacionalidade e poder económico dos pais das crianças ?