" A diferença entre as abordagens económicas do Médio Oriente e do Ocidente pode ser observada até nas formas distintas de corrupção numa e noutra região, pois esta é uma realidade de que nenhuma sociedade está isenta. No Ocidente faz-se dinheiro no mercado, que depois se utiliza para comprar ou influenciar o poder. No Oriente toma-se o poder e utiliza-se o controlo do estado para fazer dinheiro. Moralmente, não existe diferença entre os dois casos, mas o seu impacte ao nível da economia e da política é muito diferente."
( Bernard Lewis, pág. 77 de " O Médio Oriente e o Ocidente - o que correu mal ?" editado pela Gradiva )
Eu acrescentaria que muitos países africanos se aproximam do modelo Oriental. Angola será um deles.
2 comentários:
"Único "continente" onde o défice democrático é generalizado em todos os seus componentes, o mundo árabe é pois o único onde a falta de democracia se conjuga com uma hegemonia estrangeira, o mais das vezes indirecta, por vezes apenas económica, mas que outras vezes, nos casos mais extremos - como o da Palestina e, agora o do Iraque -se aparenta a um novo colonialismo. O que faz com que ao sentimento de impotência alimentado por essa dominação, se venha acrescentar uma impotência cívica. Com efeito, os políticos no poder, não só não podem dar ou devolver aos seus Estados capacidade de iniciativa nas relações internacionais, como vedam aos seus cidadãos qualquer iniciativa suscéptível, se não de mudar os poderes, pelo menos de lhes insuflar, por meio da participação popular, um vigor renovado. A amaeaça, quer se chame Israel ou estados unidos, é o pretexto par um estado de emergência permanente que, sem se preocupar com as leis existentes, esvazia a esfera política e excui os seus instrumentos de regulação, a começar pelos partidos e pelas associações. E num pano de fundo de crise das ideologias, só resta o recurso à religião para canalizar a frustação e veicular as exigências de mudança"
Samir Kassir, "Considerações Sobre a Desgraça Árabe". Samir foi assassinado em Beirute em 2005. Considerava Bertrand Lewis o maior especialista europeu em assuntos do mádio-oriente, mas com uma visão excessivamente europeia e simplista. Será que há paralelo com Angola? Não me parece... Aqui é tudo bem mais complicado. Não vamos tb. ser simplistas.
Bernard Lewis e não Bertrand.
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