A semana da Moda de Milão acabou. No sábado, 29 de Setembro. Mulheres e homens bonitos terão desfilado. Ter-se-á bebido champagne. Acompanhado de caviar e foie-gras. As grandes marcas e costureiros terão feito grandes negócios. E a campanha " Não à anorexia" que Toscani e a marca No-l-ita fizeram cairá no esquecimento. Ou não. Como disse em textos anteriores ( de dias 25 e 27 de Setembro ) a campanha teve o mérito de trazer para a discussão pública a doença, como se pode ler :
- no El País ;
- no Corriere della Sera ;
- no El País ;
- no Corriere della Sera ;
- e também no suplemento P2 do "Público" de dia 30 de Setembro ( sem link ).
Pelos vistos em Itália ( e França ) a campanha está a provocar polémica pela utilização da foto da jovem anorética e as autoridades de Milão resolveram suspendê-la. Ao que Toscani já respondeu dizendo que " Milão é como Teerão" ( os exageros do costume ).
As minhas dúvidas sobre a utilidade de uma campanha como esta confirmaram-se no essencial. Acabamos por discutir pouco a doença e mais as fotos , o fotógrafo, a moda e agora até a repressão.
As minhas dúvidas sobre a utilidade de uma campanha como esta confirmaram-se no essencial. Acabamos por discutir pouco a doença e mais as fotos , o fotógrafo, a moda e agora até a repressão.
Do que li, gostaria de destacar uma passagem do que a Dra. Dulce Bouça diz no "Público" :
" Quando um doente tem já uma anorexia, está de tal maneira em sofrimento que fica pouco sensível a estas imagens. Uma pessoa que esteja a iniciar a doença ou uma pessoa saudável que queira perder algum peso pensa sempre que nunca vai chegar àquele ponto."
Mas o meu principal argumento sobre a ineficácia deste tipo de campanha para este tipo de doença acaba por ser dado pela própria doente fotografada ( Isabelle Caro ) quando diz no El País : " Não se pode tratar a anorexia, mas sim as anoréticas."
Uma campanha sobre doenças que podem ser evitadas ou minoradas pelo uso de uma vacina tem sentido e um objectivo claro : o de apelar à vacinação. Inclusivamente tornando-a obrigatória. Uma campanha sobre doenças transmissíveis, por exemplo, por via sexual também tem sentido, já que se pode apelar ao uso de preservativos, por exemplo. Se bem que o êxito da mesma já não seja tão claro porque estará dependente de uma decisão individual num momento concreto em que, pelo menos, há mais um participante.
Não sou médico, mas não estarei a dizer nemhuma barbaridade ao afirmar que a anorexia não é uma doença com nenhuma dessas características. Ao tratar-se de uma doença do foro psiquiátrico a dificuldade do seu diagnóstico e cura é mais complicado.
E por falar em campanhas e diagnósticos. Não seria mais útil sensibilizar e treinar os ginecologistas a terem umas noções sobre a doença de forma a poderem detectá-la a tempo e horas e aconselhar a paciente ( e os pais , caso se mostre necessário ) a ir a uma consulta da área ?
1 comentário:
Continuo a estar inteiramente de acordo.
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