Roger Vailland nasceu a 16 de Outubro de 1907. Faz hoje cem anos.
Apareceu recentemente uma nova tradução ( Livros do Brasil ) do seu 1º romance, Drôle de Jeu. Agora como " Jogo Curioso". Não gosto. Para mim será sempre "Cabra Cega", da primeira tradução de Hélder Macedo, em 1959, numa edição da já desaparecida Ulisseia.
Como romancista não foi um autor prolífico. Publicou 11 romances. Curiosamente oito encontram-se traduzidos em português :
1937 : " Un homme du peuple sous la révolution" em colaboração com Raymond Manevy. Publicado como folhetim no jornal da CGT, "Le Peuple". Editado pela Corrêa em 1947 e pela Gallimard em 1979. Há uma edição portuguesa da Fronteira, de 1976, "Um Homem do Povo na Revolução".
1945 : "Drôle de Jeu", Prémio Interallié, da Corrêa. Várias traduções para português desde a já referida "Cabra Cega" da Ulisseia em 1959. E depois, com o mesmo titulo, pela Europa América e Circulo de Leitores. E agora pela Livros do Brasil com o titulo " Jogo Curioso".
1948 : "Les Mauvais Coups" da Le Sagitaire e em 1989 pela Grasset. Há uma edição portuguesa da Ulisseia, de 1961, "Roda da Fortuna" com tradução de Augusto Abelaira.
1950 : "Bon pied, bon oeil" da Corrêa e em 1989 pela Grasset. Livro que é a "continuação" de "Drôle de Jeu". Este termina em Junho de 1943. "Bon pied , bon oeil" começa num domingo de Março de 1948. Ficamos a saber, logo no inicío, que Marat ( François Lamballe ) foi gravemente ferido em 1945, como correspondente de guerra, na travessia do Reno. Agora tem 43 anos e "est revenu à la vie civile, acheta un beau domaine, sur le plateau de l'Aubrac, aux confins du Cantal et de la Lozère. Cést là qu'il vit aujourd'hui, dans une solitude qui étonne tous ses amis. Il dirige lui-même l'exploitation de son bien, qui comporte un important élevage de bovidés et une fabrique de fromages." ( pág 10 da edição da "Livre de Poche", nº 1387 )
1951 : "Un jeune homme seul " da Corrêa e em 1989 pela Grasset. Há uma edição portuguesa da Minerva de 1972, "Um homem só".
1954 : "Beau Masque" da Gallimard.
1955 : "325000 francs" da Corrêa.
1957 : "La Loi ", Prémio Goncourt, editado pela Gallimard. Há uma edição portuguesa da Europa- América, de 1975, " A Lei", nº 101 da colecção Livros de Bolso.
1960 : "La Fête " da Gallimard. Há uma edição portuguesa da Livros do Brasil, de ???? ( o ano não é referido no livro que tenho ), "Fim de Semana", nº 68 da colecção "Dois Mundos".
1964 : "La Truite" da Gallimard. Há uma edição portuguesa da Livros do Brasil, de ???? ( o ano não é referido no livro que tenho ), " A Truta", nº 95 da colecção "Dois Mundos".
1986 : "La Visirova" pela Messidor. Trata-se do primeiro romance de Vailland que apareceu em 1933, sob a forma de folhetim no "Paris-Soir" e é reeditado em 1986 pela Messidor. há uma edição portuguesa da Dom Quixote, de 1987, "A Visirova", nº 12 da "Biblioteca de Bolso".
Publicou igualmente diversos ensaios , peças teatro/ cinema e ainda livros de viagem/ reportagem. Em português foram publicados :
- "Experiência do Drama " ( "Experience du Drame", de 1953 ) , em 1962, pela Presença.
- "Esboço para um retrato do verdadeiro libertino" ( "Esquisses pour un portrait du vrai libertin", de 1946 ) , em 1976, pela &etc.
- " Borobudur. Viagem a Bali, Java e outras ilhas" ( " Boroboudour, voyage à Bali, Java et autres iles" , de 1951 ), em 1961, pela Prelo.
- "Escritos Íntimos" ( "Écrits intimes", editado em 1968, já depois da sua morte ), pela Europa América, em dois volumes, os nº 208 e 209 da colecção "Estudos e documentos" que infelizmente não mencionam o ano da edição, que penso ser de 1985.
Foi um romancista que me foi apresentado pelo meu amigo Pedro M. Estava eu a acabar o liceu e a entrar para o Técnico. Terei começado pelo "325000 francs". Mas foi com a leitura, em 1972, de"Cabra Cega" ( Drôle de Jeu ) que me tornei um leitor compulsivo de Roger Vailland. Será o único autor de quem li todos os romances ( Graham Greene , José Cardoso Pires , Albert Camus e Franz Kafka andam lá perto ). Volto com regularidade aos mesmos. Seja para ler extractos seja para os reler na integra. Ainda bem que no seu centenário se reeditou uma tradução de Drôle de Jeu. Estou à espera que o Rui Bebiano diga no seu blog se esta tradução para "Jogo Curioso" vale a pena. Interessante seria traduzir "Bon pied, bon oeil" a "continuação". Fico à espera.
Nota final : A informação dos romances franceses foi retirada do livro "Roger Vailland ou un libertin au regard froid" de Yves Courrière, editado pel Plon em 1991.
Já as referências às edições portuguesas basearam-se nos livros que tenho em casa e na minha memória. Pelo que falhas poderão existir, nomeadamente outros livros que existam traduzidos e que eu não conheça. Agradeço todas as actualizações. A caixa de alucinações também serve para isso.
A Rencontre publicou, em 1967-1968 , "Les Oeuvres Complètes" de RogerVailland numa edição de 12 volumes, com um prefácio de Claude Roy e notas de Jean Recanati.
1 comentário:
Há de facto traduções de BEAU MASQUE, O Rival e de 325 000 francos. O único romance ainda não traduzido é "Bon pied bon oeil". Tenho pensado nisso. Tal como uma aluna minha de tradução.
O centenário foi comemorado pela "Association des Amis de Roger Vailland" à qual pertenço, sediada em Bourg-en-Bresse.
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