28/02/08

O que não se aprende na escola (II) : os melhores têm sempre alternativas

No início da minha carreira profissional, ainda como engenheiro praticante, trabalhei numa das grandes empresas da cintura industrial de Lisboa / Setúbal. Nacionalizada. Estavamos em 1980. Curiosamente no 1º dia de trabalho, ia eu a caminho, ouvi na rádio que o governo de então a tinha declarado "em situação económica difícil".
"Isto começa bem", pensei para os meus botões. Foi um período duro. Salários em atraso e algumas vezes recebidos às prestações. Poucas encomendas = pouco trabalho. Pessoal pouco motivado. O Conselho de Administração tentava encontrar soluções. A certa altura solicitou que quem quisesse rescindir o contrato se inscrevesse para tal efeito. Candidatos não faltaram. Nomeadamente operários especializados. Mas de imediato as chefias de Secção e Departamento deram indicações à Administração para que parasse o processo porque quem se estava a inscrever eram os melhores operários e um dia que a situação melhorasse a empresa não teria capacidade de resposta. Ainda lá trabalhei cerca de 18 meses e aprendi muita coisa. Uma delas foi que os melhores encontram sempre alternativas não só porque têm capacidade para isso mas porque também têm a vontade de continuar a aprender e a melhorar. Já dos medíocres não se poderá dizer o mesmo. Mais tarde aprendi que os medíocres gostam de falar em nome de todos.
Foto minha de Paris

5 comentários:

hfm disse...

Subscrevo inteiramente o último parágrafo. Belo depoimento.

Anónimo disse...

Excelente depoimento.
António...
Ao final de um dia de trabalho fabril, estes 2 minutos deram-me um alento e uma esperança especiais.

obrigado

Al Kantara disse...

Caro António, esse género de darwinismo social é de perigosa generalização. É que mesmo para os que não sejam "os melhores" há que encontrar soluções apropriadas, por exemplo, quando ficam desempregados ao fim de 30 anos na mesma fábrica que, por acaso, resolveu deslocalizar para a Indonésia...

António P. disse...

Caro Al Kantara,
não pretendi teorizar. Apenas conto uma história.Que por acaso vi repetida muitas vezes ao longo da minha vida. É tudo. Vale o que vale.
Já agora gostaria de te chamar a atenção que não coloquei a tónica só na capcidade mas também na VONTADE.
Um abraço

PDuarte disse...

Concordo consigo e mais não passo de um medíocre.
Gostei do seu blogue.
Um abraço.