Soube, por esta notícia (clicar), que o khat começa a chegar à Europa...ou pelo menos alguém anda a tentar. Desta vez a polícia espanhola não deixou. Tratando-se de um produto novo no mercado convém saber utilizá-lo. Se olharem para este senhor :
notarão que a bochecha esquerda está um pouco disforme. Então não havia de estar?! É que para consumir khat convém usar folhas o mais frescas possível , enrolá-las e colocá-las na boca alojando-as numa das bochechas e ir chupando ( não mastigar ). A técnica apurada dos iemenitas permite-lhes estar com um grande à vontade em público.
Mesmo sem estar a consumir khat esta notícia do El País fez-me viajar até Gizan (clicar) , onde estive quase dois anos, já lá vão 24 . Fiz parte da equipa de consultores que ajudou a gestão saudita a arrancar com o novo porto que foi inaugurado em 1985. Já contei, em anteriores textos, algumas histórias.
Hoje lembro-me de rostos como o da foto para os quais eu, mais o Gildas e o Hammed olhavamos com curiosidade já que sabíamos que estavam a consumir khat . O seu consumo era proibido. Os sauditas consumiam-na no recato das suas casas longe de olhares curiosos ou policiais. Os iemenitas não tinham esse pudor. Os outros ( europeus, asiáticos, sul americanos...havia lá de tudo ), infracção por infracção, prefiriam o álcool clandestino e de martelo mesmo que isso levasse à expatriação. O Sidik, parecido com o gin e que é a palavra árabe para amigo, era o mais apreciado. Com água tónica nem se notava a diferença. Mas todos os cuidados eram poucos. Uma 6ª feira ( o domingo naquelas paragens ) resolvemos tentar visitar o Iemen do Norte. Pegámos num dos jeeps e arriscámos, sabendo que sem visto no passaporte ( que era o nosso caso ) era quase impossivel lá entrar. O que efectivamente se confirmou. Na fronteira apesar de termos mostrado os nossos Inkama ( o BI saudita para expatriados ) e das diligências do Hammed que, como tunisino falava árabe, lá tentou dar a volta aos guardas fronteiriços. Nada conseguimos. Estando por ali aproveitámos para dar uma volta pelas montanhas do lado saudita onde também há cultivo de khat. Lá recolhemos umas folhas que trouxemos escondidas até ao compound. Ainda deram para uns dias. Sem a técnica apurada dos iemenitas fomos discretos no seu consumo. Como nunca mais voltámos às montanhas fronteiriças por aqui ficámos já que a sua compra, no mercado negro, era cara e os riscos de sermos apanhados altos.
Foto daqui
4 comentários:
Porra, e qual era o efeito?
A 300 euros o quilo e com efeitos similares à cocaína ?!?! Estes andam-se a drogar. De certeza...
Refiro-me obviamente aos autores do artigo do El País. Dos meus alucinados mas sóbrios amigos não tenho qualquer razão de queixa, é claro.
Expresso,
Já mascaste tabaco ( do verdadeiro ) ? Então é mais ou menos isso mais saboroso e com efeitos mais relaxantes.
Um abraço
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