04/03/08

Os Fazedores de Opinião estão uns chatos

Ontem vi os "Prós e Contras" na RTP1. O tema era a Educação, tendo como pano de fundo a actual situação do sector mas tentando ir um pouco mais além da conjuntura. Do painel de comentadores apenas um ( Manuel Vilaverde Cabral ) é o que podemos chamar Fazedor de Opinião Profissional. Os Professores João Lobo Antunes e António Câmara são presença regular nos ecrãs e jornais mas com outro estatuto. Já os outros ( Luis Palha , Estevão de Moura, Pedro Mil Homens e Carlos Coelho ) não o são, se bem que Estevão de Moura e Carlos Coelho tenham também uma presença regular em orgãos de comunicação social nas áreas em que são conhecidos pelos seus méritos profissionais.
No fim do debate confirmei algo que há já algum tempo venho verificando : os Fazedores de Opinião Profissionais estão uns chatos e na prática estão velhos e ultrapassados por uma dinâmica social que lhes escapa e por métodos de análise que se parecem cada vez mais com os dos comentadores de café. Quase todos têm uma agenda política e andam há demasiado tempo perto do poder político, para poderem trazer contributos inovadores.
Os contributos de Luis Palha ( Executivo do grupo Jerónimo Martins ) e de Pedro Mil Homens ( director da Academia do Sporting e também professor ) foram os mais estimulantes, conseguindo sair da lógica imediatista e facilitista. Estavam ali para contar histórias e uma história bem contada é sempre algo que vale a pena ouvir.
Também gostei de Estevão de Moura e Carlos Coelho ( excepto na 1ª intervenção ) que de uma forma clara disseram porque é que as reformas em curso na Educação não podem parar e que a eventual substituição da Ministra é de todo inútil.
De João Lobo Antunes e António Câmara é impossivel não gostar, mas a sua proximidade ao poder político impede-os, por vezes, de se atravessarem de uma forma clara. E a ideia de criar mediadores, tipo Kofi Anan no Quénia, para o conflito que opõem Sindicatos ao Ministério parece-me de todo desajustada. Já as desmontagens do relatório da SEDES feitas por João Lobo Antunes e Carlos Coelho foram certeiras e demolidoras.
Não seria má ideia as televisões , rádios e jornais procurarem ouvir outras pessoas que não os fazedores de opinião de serviço, que também estão a precisar de uma reciclagem.

É que José António Saraiva, Marcelo Rebelo de Sousa, José António Lima, Luis Delgado, Miguel Sousa Tavares, José Manuel Fernandes, António Barreto, Vasco Pulido Valente, Helena Matos, Constança Cunha e Sá, António Vitorino, José Pacheco Pereira, Henrique Monteiro, Fernando Madrinha , António José Teixeira, Baptista Bastos, Sarsfield Cabral, Nuno Rogeiro e tantos outros estão tão previsíveis que nalguns casos tenho a sensação que as suas actuais crónicas foram repescadas do baú das velharias por um qualquer copy paste.

2 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Pois é, nos blogues é que se está bem.

PDuarte disse...

Não deixa de ter alguma razão.
Um abraço.