Hoje foi dia de almoço com amigos, ali no Buffet da Praça da Ribeira. Aproveito o dia de sol e saio mais cedo para passear pelo Chiado. Ao fim da manhã sento-me na esplanada da Benard. Para uma "Água das Pedras" e uma bica. Sou logo contemplado com a habitual simpatia do empregado que a um sinal meu, me responde : "Calma, isto é um de cada vez." E atende alguém que chegou depois de mim. Tudo bem, não tenho pressa. Olho à minha volta. Muitos turistas. À porta da Brasileira um acordeonista, possivelmente emigrante de leste. Na esquina da Benetton um artesão de bonecos de arame sem grande originalidade e sobre o sujo. À porta da mesma uma engraixadora de sapatos com o sócio. Qual deles o mais sujo. Vejo um senhor engravatado falar com eles. Não percebo se é alguém da Benetton. Se era nada aconteceu. Lá continuaram. Sem clientes e com o mesmo ar sujo. Uma cigana tenta vender óculos de sol de qualidade duvidosa a quem já os tem, seja turista ou não. O empregado da pastelaria pergunta-me finalmente o que quero. Respondo-lhe. Serve-me, passados uns minutos, trazendo a chávena , copo e garrafa nas mãos. Tabuleiros é coisa que já não se usa. Puxo do meu cigarro, acendo-o. Cinzeiros nem vê-los. Nem na minha mesa nem em nenhuma. Lá dou uso ao meu cinzeiro de bolso. E assim passei meia hora. O chão está cheio de beatas. Pergunto para os meus botões : estarão os nossos industriais da restauração ( nome pomposo ) à espera que qualquer autoridade ( Câmara ou Governo ) os obrigue a ter cinzeiros nas mesas das esplanadas para assim iniciarem mais uma campanha anti-fascista ?
Haja paciência.
Haja paciência.
4 comentários:
Se calhar,a ASAE não dá por essas
"coisas".
Não clicar no anterior comentário que vou tentar remover.
Uma descrição neo-realista infelizmente bem verdadeira.
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