04/04/08

Beatas no Chiado

Hoje foi dia de almoço com amigos, ali no Buffet da Praça da Ribeira. Aproveito o dia de sol e saio mais cedo para passear pelo Chiado. Ao fim da manhã sento-me na esplanada da Benard. Para uma "Água das Pedras" e uma bica. Sou logo contemplado com a habitual simpatia do empregado que a um sinal meu, me responde : "Calma, isto é um de cada vez." E atende alguém que chegou depois de mim. Tudo bem, não tenho pressa. Olho à minha volta. Muitos turistas. À porta da Brasileira um acordeonista, possivelmente emigrante de leste. Na esquina da Benetton um artesão de bonecos de arame sem grande originalidade e sobre o sujo. À porta da mesma uma engraixadora de sapatos com o sócio. Qual deles o mais sujo. Vejo um senhor engravatado falar com eles. Não percebo se é alguém da Benetton. Se era nada aconteceu. Lá continuaram. Sem clientes e com o mesmo ar sujo. Uma cigana tenta vender óculos de sol de qualidade duvidosa a quem já os tem, seja turista ou não. O empregado da pastelaria pergunta-me finalmente o que quero. Respondo-lhe. Serve-me, passados uns minutos, trazendo a chávena , copo e garrafa nas mãos. Tabuleiros é coisa que já não se usa. Puxo do meu cigarro, acendo-o. Cinzeiros nem vê-los. Nem na minha mesa nem em nenhuma. Lá dou uso ao meu cinzeiro de bolso. E assim passei meia hora. O chão está cheio de beatas. Pergunto para os meus botões : estarão os nossos industriais da restauração ( nome pomposo ) à espera que qualquer autoridade ( Câmara ou Governo ) os obrigue a ter cinzeiros nas mesas das esplanadas para assim iniciarem mais uma campanha anti-fascista ?
Haja paciência.

4 comentários:

Anónimo disse...

Se calhar,a ASAE não dá por essas
"coisas".

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
António P. disse...

Não clicar no anterior comentário que vou tentar remover.

Jorge Pinheiro disse...

Uma descrição neo-realista infelizmente bem verdadeira.