Homem que plantaste a árvore,
Porventura sabes se a vida consente
Que sejas tu a colher a maçã?
Terás a certeza de poder olhar
A folhagem verde a vestir os ramos
E os rebentos viçosos amadurarem?
Detém-te e pensa, um só momento,
Que perdes a vida e não serás tu
A ver o esplendor do pomar em flor.
E tu lhe deste a água da sua sede
E uma estaca para se amparar.
Assim é o mundo onde vivemos!
Assim é o mundo onde vivemos!
Ainda que venhas a ter na mão
O fruto maduro da adulta árvore,
Nunca te iludas meu bom amigo.
Nada te diz que possas gozar
O sabor do fruto que veio da flor
Que enfeita a árvore do teu jardim
A morte é senhora de todas as dúvidas!
E não é prudente e de bom aviso
Que o dono legítimo do belo jardim
Seja o vigia do crescimento
Da macieira mimosa e frágil
E esqueça os cuidados que lhe pede a alma.
Giolla Brighde O'Heoghusa, poeta irlandês do século XVI.
No livro "A Perfeita Harmonia, poemas celtas da natureza"
Editado pela Assírio & Alvim
Tradução de José Domingos Morais
1 comentário:
um poema sábio. nem sempre podemos colher o fruto. gostei muito de ler.
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