" De Sirvozelo ao Terreiro do Paço, viagem na História " é o título do editorial de José Manuel Fernandes , no "Público" de hoje. (Não disponível para linkar)
Não sei se o Manuel Afonso e a Soledade Gonçalves já leram o editorial, mas já telefonei ao filho mais novo , o Artur ( que vive e trabalha em Lisboa ), a dar-lhe a novidade. Já os conheço vai para 20 anos e Sirvozelo também. E não se pode falar de Sirvozelo sem falar das pessoas. Ver Sirvozelo como José Manuel Fernandes vê, pode servir como uma metáfora sobre os males de Portugal mas é limitadora de uma realidade humana que ultrapassa o simplismo de JMF quando conclui o artigo dizendo : " O destino de Sirvozelo, hoje mais limpa e arranjadinha, mas vazia e sem futuro, continua a ser uma metáfora do país. A que a leitura de uma belíssima reportagem nos permitiu regressar."
Sirvozelo pode estar mais vazia e sem futuro mas o mesmo não se passa com os seus filhos. Não gostaria de "devassar" a vida de pessoas que conheço e estimo mas não resisto a transcrever parte de um mail que recebi ( por causa do editorial do JMF ) de alguém que passou pela primeira vez um Natal ( o de 2007 ) em Sivozelo, comigo e família, na casa de um dos filhos do Manel e da Soledade :
" ...os que lá vivem criaram riqueza e abraçaram a modernidade preservando a tradição. A casa onde jantei, apesar de manter a traça característica da aldeia, era o exemplo do sucesso e não a casa de quem havia perdido uma oportunidade. Os filhos têm os seus negócios, muito bem sucedidos por sinal. Os netos estudam e os prémios de melhor aluno enchem as mobílias do quarto de um deles. Outros estão na universidade. Nem tudo está na mesma, apesar das vacas continuarem a pastar. Será esse o problema? "
A história das aldeias não é só a das suas casas ( vazias ou com muitas pessoas ) mas é também a dos seus habitantes, dos que lá ficaram e dos que de lá partiram. O Manel e a Soledade, de certeza que estão orgulhosos do que vêem porque mesmo vivendo para além dos montes são mais sábios do que muitos editorialistas.
6 comentários:
belo texto muito bem escrito
eu e o pedro lemos enao poderiamos estar mais de acordo
maria do ceu
Apoiado!
Entrei para eliminar comentário anterior que deve ser um virus
Nunca lá cheguei a ir. Quando estava marcada a viagem foi na altura da operação do Bob. Gostei do texto e dos sentimentos expressos. Abraço.
Não são os montes que nos toldam a visão.
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