06/05/08

A descoberta do peso da alma no meio das arrumações

O papel pesa muito. Em tempo de mudanças há que seleccionar. As dificuldades são muitas. Desde livros liceais a artigos de jornais , dos quais já não sei a razão de os ter guardado, há de tudo. A custo alguns vão para o papelão. Despeço-me deles. Dou-lhes uma última vista de olhos. Hoje dou com um artigo de Guillermo Abril, no El País Semanal de 23 de Dezembro de 2007, intitulado " Caras con humo". Sei porque o guardei. Sou fumador e tem fotos excelentes de famosos a fumar. O artigo termina assim :
Num dos últimos tributos do cinema americano ao tabaco, o filme Smoke ( 1995 ) , de Wayne Wang e Paul Auster, um dos protagonistas explica uma anedota sobre Sir Walter Raleigh, que introduziu o tabaco em Inglaterra , fumador e favorito da rainha Isabel I. Ao que parece, Raleigh fez uma aposta com a sua amante real. Disse que podia determinar o peso do fumo. " O que é estranho, porque é quase como determinar o peso da alma", acrescenta o protagonista." Mas Sir Walter Raleigh era um tipo hábil. Primeiro pegou num cigarro inteiro, colocou-o numa balança e pesou-o. De seguida acendeu o cigarro e fumou-o, cuidando que a cinza tombasse no prato da balança. Quando o terminou colocou a beata na balança, junto da cinza. Depois pesou o que ali havia. De seguida subtraiu este peso ao que havia determinado do cigarro inteiro. A diferença era o peso do fumo." A atmosfera, a alma do tabaco. Isto é o que se perde. E, todavia, alguém já o calculou faz tempo.

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