01/10/08

Tudo pequenino : as casas, as rendas e as mentes

Alguns já lhe chamam pomposamente o Lisbongate. Refiro-me ao caso das casas da Câmara de Lisboa arrendadas a amigos, correligionários partidários, jornalistas, artistas e outros istas. Com um nome tão pomposo estava à espera de grandes golpadas, de filhos de autarcas que tivessem montado negócios ilícitos e enrequecido à custa dos mesmos ou de jornalistas que tivessem montado casas de alterne nas ditas e fossem hoje empresários bem sucedidos da noite lisboeta. Afinal nada disso. Este pessoal nunca pensa em grande. Que saudades de um Alves dos Reis. Afinal foi tudo feito na legalidade, o que não duvido. Se as rendas eram baratas havia que aproveitar e não divulgar a não ser no circuito dos amigos que frequentam os mesmos salões. Afinal os políticos também são gente e as casas eram pequenas e estavam disponíveis. E se dessem para uma sedezinha do partido ainda melhor. Os jornalistas tão ladinos a descobrirem gates por todo o lado afinal calam-se a troco de uma rendinha. Sempre ouviram dizer que o silêncio é a alma do negócio. Parece que são centenas de casos mas na praça pública queimam-se dois. Uma vereadora, Ana Sara Brito. E um jornalista /escritor : Baptista Bastos. Até nisto são pequeninos. Um dia destes ainda vemos jornalistas na sopa dos pobres e políticos recorrerem ao Banco Alimentar. A vida está difícil para todos e não é por acaso que a esmola e a gorjeta ainda são instituições nacionais. Ao desgraçadinho dá-se uma esmola. A bandeirada do taxi é baixa mas compensa-se com uma gorjeta ao motorista. Quando as mentes são formatadas para assim funcionarem nunca teremos vilões a sério. Daqueles que consciente e profissionalmente roubam e sabem que poderão acabar na prisão se forem apanhados.
Tranquilizemo-nos. É tudo legal. Mas que as mentes, como as rendas e as casas, são pequeninas lá isso são.

4 comentários:

Al Kantara disse...

Isto estava a correr tão bem...

Anónimo disse...

É uma "Casa Portuguesa".

Unknown disse...

... Tudo tão caseiro como o pudim 'Boca Doce' até a fita de ontêm com o Sr. Costa e a D. Sara...

Jorge Pinheiro disse...

Ainda bem que já fiz a minha leitura anual do "Conde de Abranhos", fico vacinado. Experimentem que dá resultado!