10/11/08

Conversar. Argumentar ( gostar de )

Gosto de ouvir histórias bem contadas. De conversar. E que nas conversas haja opiniões distintas, contraditórias ou não. Podem ser complementares. Para que possamos argumentar. Com paixão mas também com racionalidade. Na família somos maioritariamnete assim. E discussões houve em que o gozo era já só argumentar e contra argumentar perdendo de vista o que originou a conversa / discussão.
Ultimamente quando converso com amigos que são, ou foram, professores verifico, na maioria dos casos, um fenómeno curioso, no mínimo. Quando tento falar sobre o que se passa no sector e nomeadamente sobre a avaliação dos professores, o meu interlocutor considera-me um "outro" que não pode perceber o que se passa no ensino. E a potencial discussão morre ali. Mesmo antes de ter começado.
Isto verifica-se independentemente da posição partidária ou grau de politização dos meus amigos.
Fecham-se. Tornam-se mesmo agressivos. O principal argumento é que a sua profissão é distinta de todas as outras e como tal eu ( e outros não professores ) nunca poderemos compreender a injustiça a que estão a ser submetidos. Ou que como já não tenho filhos em idade escolar nunca falarei com conhecimento de causa (?!). Não conseguem ouvir. Não querem ouvir. Não gostam de ouvir. Colocam a visão corporativa à frente da da cidadania.
Fico triste por eles e por mim. Sempre aprendi que o melhor mestre é aquele que aprende com os outros.
Mas pensando bem a tradição do ensino, em Portugal, sempre foi os professores falarem de cátedra. O receptor devia estar calado. O conhecimento era só detido por uma das partes ( o professor ). Os outros eram ignorantes e deviam só ouvir.
Os tempos mudaram, mas muitos professores ainda não o perceberam. Ou antes perceberam, só que mudar cria desconforto.

4 comentários:

Anónimo disse...

Nem mais.
Aliás qualquer conversa com os meus amigos profs vai parar sempre ao universo escolar mesmo que o tema seja lagartixas ...e aquela mania que são as maiores vitimas do trabalho nós os outros uns privilegiados... e os horarios terriiiveis mais a reforma só depois dos cinquenta e tal... Eu nem sei como não vão para as obras ? Desculpem mas não existe santa que os ature.

Prezado disse...

É verdade: Consideram-se na mais ingrata das profissões. Têm uma coisa em desfavor: a priori, são enforcados da arvore mais alta, sao das profissoes com mais visibilidade social. mas, tirando isso...
Uma amiga professora chega a dizer-me "quero ir para publicidade, bem melhor!" ( é sabido como é um meio privilegiado, os horários de sonho e tal tal, como aliás qualquer área de trabalho hoje em dia... ). Os professores que conheço pertencem no entanto a uma espécie rara , porque ainda assim concordam com a avaliação e condenam esse corporativismo cego a que toda a gente assiste.

Anónimo disse...

1- " Ser Professor tem de ser uma
paixão-pode ser uma paixão fria mas tem de ser uma paixão. Uma dedicação."
Rómulo Vasco da Gama de Carvalho´

2- A desvalorização social da profissão docente tem vindo a agravar-se.

3-Concordo com a avaliação. Não concordo com as aulas assistidas.

Precisamos de ganhar tranquilidade
...todos...juntos.

Jorge Pinheiro disse...

Quando se mudou dos Jesuítas para o método Verney também foi cá uma confusão...