24/02/09

CRISE - sugestão de um inútil : pagar na data devida ( VIII )

Sei, por experiência própria, que uma tradição muito portuguesa é não pagar na data devida. Que geralmente é acordada pelas duas partes envolvidas no negócio. Mas à primeira dificuldade ( será ? ) atrasam-se os pagamentos.
Na minha actividade profissional / empresarial mais recente reduzi conscientemente a venda ao retalho dos objectos que represento. O prazo de pagamento aceite pela maioria dos clientes é de 30 dias. Vai para 4 / 5 anos ( pré-história da actual crise ) o prazo médio de recebimento era 6 a 7 meses. E ainda era eu que gastava dinheiro ( em cartas, faxes, etc ) a relembrar os clientes que a factura tinha vencido. E eu pagava ( e pago ) pontualmente aos meus fornecedores. Como calcularão esta situação cria um desequilíbrio permanente na gestão dos recursos. O não receber na altura acordada :
- impede-nos de programar o futuro e investir para melhorar a empresa e os seus serviços ;
- não permite criar reservas para os momentos de vacas magras.
Leio e ouço dizer que o Estado ( central e local ) não paga a horas e que haverá muitas empresas com facturas vencidas junto do dito Estado.
Leio que o mesmo Estado injecta , agora em plena crise, milhões e milhões de euros em linhas de crédito, em programas especiais, etc de apoio às empresas. Em especial às PME's e micro-empresas.
Não seria melhor o Estado pagar o que deve ? Estou convencido que sim. E já agora comprometer-se a que daqui em diante paga sempre na data devida.
Mas aí coloca-se outra questão. "Cheira-me" ( não tenho dados concretos ) que a maioria das empresas a quem o Estado deve dinheiro não serão PME's e micro. Deverão ser grandes empresas. Ou dito de outra forma , o maior volume de dinheiro em dívida é às grandes empresas. De construção civil. De fornecimento de equipamento. De prestação de serviços.
Estas por sua vez é que deverão às PME'e e micro que são suas sub-empreiteiras.
Será que as grandes empresas pagariam o que devem às pequenas, caso o Estado pagasse as facturas vencidas ? Palpita-me que não.
Mas então o Estado deveria criar um procedimento de controle e verificação para que isso acontecesse.
Se há dinheiro ( haverá ? ) disponível para programas especiais não haverá para pagar o que se deve ?

Custará muito tentar ?

2 comentários:

Al Kantara disse...

Mas se o sistema económico português se baseava precisamente nesse conceito de nâo pagar a tempo e horas ! Aliás, era uma das principais razões que levava à necessidade de recurso ao crédito bancário. Ninguém pagava a tempo, toda a gente recorria à banca e a banca agradecia com taxas de juro simpáticas. Não me digas que queres alterar este equilíbrio tão fino ?! Ah, esqueci-me que, subitamente, a banca não quer emprestar dinheiro. És capaz de ter razão...

PS - Tens mais um desafio, meu caro, lá no meu canto...

Anónimo disse...

Vamos lá tendo estas conversas, que alguma coisita vai ficando no ouvido...