Medo e verdade parece que estão na moda. Haverá muito medo e pouca verdade. Já houve um General sem medo. Ramalho Eanes candidata-se a ser o segundo. Militar ilustre e íntegro teve, na história recente de Portugal, papel de relevo. Quer no 25 de Novembro de 1975 quer como Presidente da República, em dois mandatos sucessivos ( 1976 a 1986 ). Esquecemo-nos ( pelo menos alguns ) da sua actividade partidária e de como exercendo a presidência patrocionou a criação de um partido. De seu nome P.R.D. ( Partido Renovador Democrático, para os mais esquecidos que devem ser muitos ). Vinha para moralizar a coisa pública. Foi criado em 1985. Nas eleições desse ano consegue 45 deputados. Cavaco Silva é 1º ministro sem maioria. Em 1987 uma moção de censura ao governo votada favoravelmente pelo P.S. , P.C.P. e P.R.D. faz cair o governo. Há eleições e o P.S.D. consegue a primeira maioria absoluta. O P.R.D. praticamente desaparece. Elegeu 7 deputados. A partir daí definhou. Houve as habituais lutas internas para saber quem ficava com o moribundo. Encheu-se de dívidas. Não é extinto. O General Ramalho Eanes afasta-se das práticas do partido mas não tem a coragem de matar o moribundo. Depois parece que a sigla foi adquirida pelo M.A.N. ( Movimento de Acção Nacional ) que deu no que hoje é o P.N.R. ( Partido Nacional Renovador ). Não está mau para quem vinha moralizar a coisa pública.
Não me lembro ( mas com a idade a memória começa a falhar ) do General Ramalho Eanes ter sido, à época, tão vigoroso como agora a exigir a verdade e a não termos medo.
Generalmente quando os militares se metem na política a coisa não corre bem. Acontece. Não há mal nenhum nisso. Mas sugeria ao Sr. General, se me permite, que tivesse um pouco mais de decoro ou de memória quando vem falar de medo e de verdade. É que à honestidade pessoal há que juntar a honestidade política quando se está nela.
1 comentário:
Mas depois o homem já mudou muito. Fez aquela coisa na Universidade Complutense...
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