É um livro de ensaios sobre a vida, a arte, os livros e as cidades. De textos curtos. De "pensamentos autobiográficos" como o autor diz no Prefácio. Onde também nos informa que esta edição " foi construida a partir do mesmo esqueleto usado no livro com o mesmo nome, originalmente publicado em Istambul em 1999 (...) ". Mas tem textos posteriores como o da Conferência do Prémio Nobel, ganho em 2006. Pena que não se indique a data dos textos, que são 73 + 4 ( dos quais uma entrevista à Paris Review em 2004/5 ). Estão organizados em 6 blocos :
- Vida e Preocupações (28).- Livros e Leituras (16).
- A Política, A Europa, E Outros Problemas Por Sermos Nós Mesmos (12).
- Os meus livros São a Minha Vida (6).
- Imagens e Textos (9).
- Outras Cidades, Outras Civilizações (6).
Diria que é um livro de pequenas histórias pessoais ( muitas da infância ), sobre a Turquia e sobre livros ( os de Pamuk e dos que ele gosta de outros autores ). Gostei.
Orhan Pamuk fala, em vários textos, sobre a integração da Turquia na Europa. A maioria está no bloco " A Política, A Europa, E Outros Problemas por Sermos Nós Mesmos " ( gosto desta formulação ), mas não só. Diria que o tema está presente em todo o livro.
Cito da página 240, do discurso "Em Kars e Frankfurt", quando recebeu o Prémio da Paz dos Livreiros Alemães :
" Ao longo dos últimos anos, falei muito sobre a Turquia e sobre a sua tentativa de integração na EU; e deparei frequentemente com esgares e perguntas desconfiadas, por isso permitam-me que aproveite esta oportunidade para lhes responder. A coisa mais importante que a Turquia e o povo turco têm a oferecer à Europa e à Alemanha é, sem dúvida, a paz; é a força e a segurança que nascerão do desejo de um país muçulumano se unir à Europa, e da ratificação deste desejo pacífico. Os grandes romancistas que li na infância e na juventude não definiam a Europa em termos da sua fé cristã, mas sim dos anseios dos seus indivíduos. Os seus romances tocaram-me porque aqueles heróis lutavam para se libertar, expressar a sua criatividade e tornar os seus sonhos realidade. a Europa deve o respeito que o mundo não-ocidental lhe vota aos ideais que tanto promoveu : liberdade, igualdade e fraternidade. Se a alma da Europa é o iluminismo, a igualdade e a democracia, se pretende ser uma união estabelecida na paz, então a Turquia tem nela lugar. Uma Europa que se defina estritamente em termos de Cristandade será ( tal como uma Turquia que tente colher a sua força exclusivamente na sua religião ) um lugar fechado em si e divorciado da realidade, mais ligado ao passado que ao futuro."
Em período de eleições Europeias, que terão os nossos candidatos a dizer sobre o tema ?
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