21/08/09

Sou o único cão que leu o programa eleitoral do B.E. e fiquei assim :

Não é de admirar. Foram 5 noites em que, aproveitando o sono do meu dono de empréstimo, saltei para a sua cadeira ( mas tive o cuidado de não deixar lá pêlos ) , liguei o computador e toca de ler um programa de 113 páginas e 3 capítulos, o último dos quais tem 9 alíneas com as medidas todas que vão desde substituir as lâmpadas incandescentes até reduzir o nº de alunos por turma e também o IVA se bem que não digam em quanto e mais a taxa de álcool dos condutores. Fiquei cansado e estupefacto ( também tu, cão ? ). Sempre pensei que um programa de um partido revolucionário, e ainda por cima intitulado " Programa para um Governo que responda à urgência da crise social. A Política Socialista para Portugal ", fosse mais sintético tipo : " Pão, paz, terra, liberdade, independência nacional ! ".
Coisa que o sr. Luis Fazenda ainda propôs mas o sabidão do Dr. Francisco Anacleto Louçã disse-lhe : " Êpá, pensas que estás na Madeira, isso foi chão que deu uvas no tempo do teu amigo Zé dos Bigodes, eu ia mais para a o Controle Operário e as Comissões de Moradores". Ao que o Luis respondeu : " Vá Francisco, não te lembras que nós não gostamos de sovietes e esmagámos os que houve na ex-URSS ?". O Dr. Miguel Portas já nem entra nestes debates internos.
Vai daí fizeram um longo programa, onde só falta dizerem como devem ser os WC públicos. Ao ler no título " A Política Socialista para Portugal", ainda pensei que no dito falassem do tema e nos explicassem ( aos eleitores ) como se construia uma tal política. Mais uma desilusão. A única vez que falam de socialismo é para nos falarem do "eco-socialismo " (??!!). Juro. Vão à página 66 e está lá escrito : " A alternativa é hoje, mais do que nunca, entre a catástrofe ambiental e o eco-socialismo."
E como se concretiza este eco-socialismo. Simples. Em 3 pontos. Basta assumir. Assumir o quê, perguntam vocês e bem.
Assumir : ( pág 66/67 ) :
" - o controlo público das actividades decisivas para salvar o clima e os recursos naturais de suporte e satisfazer as necessidades humanas fundamentais, dando prioridade à nacionalização do sector energético;
- o controle público da investigação científica e da tecnologia, dando prioridade às alternativas no campo das energias renováveis e da eficiência energética que permitam o uso democrático dos recursos;
- planos de transição para uma sociedade livre de combustíveis fósseis e do desperdício, onde se inclui a reconversão dos trabalhadores dos sectores poluentes com a manutenção dos seus ganhos sociais."
Tirando esta inovação ideológica o essencial das outras medidas é mais do mesmo. Básicamente tudo gratuito ( manuais escolares, saúde, transportes, etc ), nacionalizações ( " A energia, a água, as vias de comunicação, os transportes públicos, entre outros serviços públicos, têm de ser controlados por todos " ( página 14 ) ) , os bancos parece que escapam se bem que " A CGD deva cobrar juros não especulativos que, protegendo a sua actividade, sejam indutores de uma concorrência que penalize os juros altos, tornado-se possível transferir qualquer contrato de crédito sem custos entre bancos." ( página 55 ), saída da NATO se bem que o exécito possa continuar a desempenhar missões no estrangeiro (??), não ao Tratado de Lisboa, não aos círculos uninominais, não à alteração da lei eleitoral para as autarquias. Não ao Código Laboral, porque não, ponto. Ainda que o Sr. António Chora o aplique ( e faz muito bem ) na Auto-Europa.
Ou seja um programa burguês, como diria o Dr. Francisco Anacleto Louçã aqui há uns anos, porque elaborado na lógica do BE poder um dia ser governo no actual quadro constitucional, ou seja gerir o estado burguês e capitalista...uma impossibilidade para trotsquistas e estalinistas
Nada sobre a organização dos trabalhadores ( sindicatos, comissões de trabalhadores, etc ) ou dos moradores. Nada sobre como unir os sindicatos a nivel europeu para fazer frente à globalização. Nada sobre o como ter em conta que cada vez vai haver mais trabalhadores independentes a prestarem serviços e como tal a legislação tem que garantir direitos e deveres aos mesmos. Nada sobre quais as modificações a introduzir na organização do Estado de forma a aumentar a participação dos cidadãos ( regionalização ? redefinição dos municípios e freguesias ? etc ). Nada sobre a Europa ( uma constituição ? Um presidente ? um exército europeu ? etc ).
And last but not least nenhuma referência a alianças políticas que visem assegurar a governabilidade do país num momento de crise mundial e em que a direita ( que na Europa já domina ) se organiza, com o patrocínio do Presidente da República, tentando tudo para voltar ao governo.
Compreendo este silêncio. Estão fascinados com o seu prevísivel crescimento eleitoral. Estão à beira de ultrapassar o PC. Preferem o dogma e aproximam-se do P.C. na leitura de que os governos do P.S. são a continuação dos governos da direita. São a esquerda (??) limpa que não quer sujar as mãos no exercício do poder. Exercício do poder que pode alterar as políticas e melhorar as condições de vida dos cidadãos. Mas eles não existem para esse fim. Existem para o protesto permanente e preferem a direita no governo.
Assim sendo aconselho, como o melhor amigo do homem, a espécie humana a não votar B.E.

3 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Serão então a eco-esquerda? Ou a esquerda com eco?

mng disse...

é masoquismo ler isso! ou então ter tempo a mais! é o que dá ser alentejano!!!!
Principalmente qdo ja deciciu em quem votar!

António P. disse...

Caríssimo mng,
Eu já sei em quem vou votar...agora o já famoso "Coffee" , assim se chama o cão ( sabias ? :))) ainda não decidiu apenas aconselha a espécie humana em não votar BE.
Um abraço