16/09/09

Um soneto de Shakespeare

When my love swears that she is made of truth,
I do believe her, though I know she lies,
That she might think me some untutored youth
Unlearned in the world's false subtleties.
Thus vainly thinking that she thinks me young,
Altough she knows my days are past the best,
Simply I credit her false-speaking tongue;
On both sides thus is simple truth suppressed.
But wherefore says she not she is unjust ?
And wherefore say not I that I am old ?
O love's best habit is in seeming trust,
And age in love loves not t' have years told :

Therefore I lie with her, and she with me,
And in our faults by lies we flattered be.

Ao jurar-me ela seu fiel amor,
palavra que acredito e sei que mente;
deve pensar-me um jovem sem tutor,
nos enganos do mundo inexperiente.
Assim, pensando em vão que me crê jovem,
saiba embora já fui melhor do que hoje,
as suas falas falsas me comovem
e a verdade de parte a parte foge.
Mas porque não dirá ser ela injusta ?
Porque não digo minha idade avança ?
No amor, idade e anos dizer custa
e é costume de amor fingir confiança.
Deitamo-nos, mentimos, mente, minto.
Mentir em culpa é-nos lisonja, sinto.
( Os Sonetos de Shakespeare, Bertrand Editora
com tradução de Vasco Graça Moura )

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