Com a morte do Isabelinha, " um homem bom" como diz o FNV (clicar), regresso por instantes a Coimbra.
Cidade onde nasceram e estudaram os meus pais. Cidade que visitei com regularidade na década de 60 e no início da década de 70, do século passado. Porque a minha mãe ainda lá tinha família. Quase sempre nas férias escolares. No Natal, na Páscoa e no Verão.
Além de coimbrão o meu pai era academista. Ferrenho. Lembro-me de mencionar o Isabelinha, mais velho 7 anos que o meu pai. Contou-me as histórias do velho Campo de Santa Cruz e da rivalidade da Académica com o União de Coimbra. O clube dos Futricas e não resisiti ir repescar esta passagem do livro "Football para o Serão", de Armando Sampaio :
" Antigamente o académico era boémio por tradição, fazendo gala em consumir o tempo na estúrdia. Arruinava a saúde nas tabernas que freqüentava até noite alta e perdia-se em conflitos perniciosos com os futricas (1).
Ainda são do meu tempo as brigas à paulada nas ruas escuras da Baixa e a selvajaria de andar de noite aos gatos! " ( páginas 21 e 22 ).
(1) Êste têrmo Futrica emprego-o por ser uma expressão que vem de longa data e que serve para designar os indivíduos não estudantes. Mas nem por sombras traduz menos consideração por aqueles que não tiveram o privilégio de estudar, e entre os quais conto amizades e simpatias. De resto, hoje como ontem, as coisas são assim : Só se ofende quando há o intuito de ofender.
O livro foi publicado em 1944, mas a passagem que cito refere-se a 1923.
Armando Sampaio chegou a Coimbra em 1925. Foi jogador da Académica no final da década de 20 e início da de 30. Se bem que mais velho do que o Isabelinha , jogou com ele algumas épocas. Foi também dirigente e é considerado um dos fundadores da Briosa ( ver livro "A Académica" das Edições ASA ). Também foi médico como o Isabelinha.
O livro "Football para o Serão" tem o sub-título "Recordações e Reflexões de um Velho Académico". Aqui fica a capa
Pode ser que, um dia destes, volte ao livro e a algumas das histórias contadas por Armando Sampaio.
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