12/02/10

As dificuldades do jornalismo de investigação em Portugal

É dificíl e até contraditório, dirão os meus leitores, falar de algo que não existe em Portugal. Estou a falar do jornalismo de investigação. Mas por um momento acreditemos que ele existe. Porque é que eu digo que ele vive momento dificeis ? Vou tentar explicar. É que deve ser tramado estar um gajo ( ou gaja ) sentado no quentinho de uma redacção e receber bocados de processos judiciais ainda em curso e depois ter que contar uma história que outros ( os que enviam os tais bocados ), por sua vez sentados também no quentinho de gabinetes de tribunais ou da PJ, queriam ou gostariam de contar. Ler coisas soltas e tentar contar uma história coerente é mais trabalho de ficcionista do que de jornalista.
A situação torna-se ainda mais complicada quando um dos personagens não está envolvido em nenhum processo judicial mas os jornalistas ( ou os outros ) querem dar a entender que está ou gostariam que estivesse. Vai daí escrevem peças jornalísticas que são um misto de relatórios de polícia , de acordãos de juizes e de redacções de alunos da escola primária. Às quais falta sempre qualquer coisa. Há que continuar a vender. E na semana seguinte voltam a contar a mesma história com as novidades de há duas semanas. E temos fotonovela para pelo menos uns anos.
E eu sem perceber se são os jornalistas que escrevem as ditas peças ou se são agentes da justiça que o fazem. Se a redacção se mudou para uma qualquer cave de um tribunal ou se o tribunal se mudou para a sede de um semanário.
E fico sempre com a sensação de que não havendo caso judicial se pretende com este tipo de jornalismo fazer justiça popular. Ou seja o persongem nem a tribunal vai mas é julgado na praça pública.
Muitos dirão : mas não há que exigir consequências políticas e esclarecimentos ao 1º Ministro ( nesta altura já perceberam que ele é o tal personagem ) ? E eu digo, claro. Mas para isso há o Parlamento. As Comissões de Inquérito Parlamentar. Porque se o debate é político que se faça nos locais adequados e não em tribunais populares. E se os partidos da oposição acham que José Sócrates não tem condições para governar é simples ( será ? ) : apresentem uma moção de censura em vez de pedirem ao P.S. para substituir o 1º Ministro como tão bem diz o
Tomás Vasques (clicar).
Ou em alternativa, digo eu, escolham para chefes dos respectivos partidos um jornalista. Candidatos não faltam. Que tal a Manuela Moura Guedes, ou o Mário Crespo ou ainda a Felícia Cabrita ?

3 comentários:

Galeota disse...

" A consciência é o núcleo mais secreto e o sacrário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade
do seu ser. Graças à consciência, revela-se de modo admirável aquela lei que se realiza no amor de Deus e do próximo... "(GS 16)

Anónimo disse...

oh antónio, uma monção?

António P. disse...

Caro anónimo,
Os meus agradecimentos. Apesar de verificar e reverificar os erros acontecem.
Os meus leitores são poucos mas de qualidade :))
Cumprimentos