Na 5ª e 6ª feira andei por Lisboa. Na 6ª almoçámos em Lisboa ( eu e a minha senhora / esposa/ mulher ou madame de.. , C. ), no "Rosa da Rua". Recomendo. O "buffet" estava óptimo. Depois fomos a Cascais. A tarde estava mais de Verão que de Primavera. Resolvemos ir pela marginal , a E.N. 6 . Sempre é mais agradável do que a A5. Ao chegar a Cascais já sabia que não ia ver o Hotel Estoril Sol, não sabia era que o novo edifício que o substituiu já estava pronto, ou quase.
O Hotel foi inaugurado a 15 de Janeiro de 1965. O arquitecto foi Raul Tojal e o proprietário Teodoro dos Santos. Terá sido construido como contrapartida pela concessão do Casino Estoril a Teodoro dos Santos.
Edifício de grande volumetria foi logo apelidado de mamarracho. Não deixou , no entanto, de ser uma imagem de marca de Cascais /Estoril que ficou na memória visual e afectiva de quem por lá viveu. Fui muitas vezes lá jogar bowling.
"The show must go on" e as cidades são estruturas vivas. Mas custa sempre ver morrer objectos que fizeram parte da nossa vida.
O novo edifício, um complexo habitacional de luxo, é projecto do arquitecto Gonçalo Byrne.
Ficam as memórias de adolescente.
Fotos de C., tiradas de dentro do carro , com o pára brisas cheio de insectos esmagados e eu a conduzir.
11 comentários:
... ainda não sei... pelo menos é melhor ao natural do que nos renderings, o que joga a favor do arquitecto.
Certo é que, se não houvesse nada e se fosse hoje construir-se uma volumetria igual ao antigo hotel, haviam de levantar-se as forças populares (com razão).
Para mim as memórias são das chegadas por mar, à noite. A luz do Estoril Sol era sempre uma referência. Agora com habitações já não será a mesma coisa.
Tb lá andei no bowling e não só. Somos muita velhos...
Com certeza que optaram por painéis solares fotovoltaicos.
"Fui muitas vezes lá jogar bowling." Eu podia ter escrito isto!
Balhamedeus, que não me sinto nada velha!
Isto é só contradições da minha parte.
:))))))
Pois eu nunca lá fui jogar bowling, mas tenho idade para o poder ter feito.
Contrariamente à minha posição inicial, gosto agora do que vejo.
O edificio é arrojado e dá a devida resposta á luz de que o Pedro fala.
Chapeau ao Byrne.
Conheço mal o projecto, nunca estive lá dentro, por isso não vou comentar a arquitectura. Quanto ao arquitecto é giro ler o artigo que o mesmo escreveu no JA (jornal dos arquitectos ou jornal dos "amiguinhos")a tentar justificar como um gajo cheio de tiques de esquerda (...o papel social do arquitecto, etc.)justifica ter projectado um condomínio para super ricos. Patético.
Ortega
Meu caro Ortega
Não li o artigo no JA mas o seu argumento é, como direi, um pouco abstruso.
Se o levarmos às últimas consequencias algumas perguntas precisam de ser feitas.
Um arquitecto ateu ou agnóstico não pode projectar uma igreja ou uma mesquita ou uma sinagoga ou um templo budista?
Um arquitecto rico não pode projectar um bairro social?
E um judeu não pode porjectar um edificio num país muçulmano?
E se isso acontecer é preciso justificar?
Cumprimentos
Caro Fernando Frazão, o comentário do Ortega não é tão abstruso como lhe possa parecer. Levanta é uma questão interessante e incómoda que é a de saber se a actividade profissional pode ou deve ter alguma consistência ideológica ou se em alternativa, podemos ser todos um bocadinho como as putas : desde que paguem...
PS - Não lhe responderei às perguntas que faz no seu comentário mas devo dizer-lhe que tenho dificuldade em ver um arquitecto anarquista a projectar uma prisão de alta segurança para presos políticos...
Fernando Frazão, um último comentário: Eu não acho que ele tenha que se justificar, o que é ridículo é ter necessidade de o fazer. Noblesse oblige.
Ortega
Caros Ortega e Al Kantara
É óbvio que não precisa de se justificar Sendo que a justificação prenuncia uma certa má consciencia (Ah! esta esquerda que não se enxerga...).
Quanto ao arquitecto anarquista, parece-me que num país com prisões para presos políticos não teria direito nem a projectar uma cabana de praia.
Interessante é a questão da actividade profissional versus a consistência ou consciência ideológica porque isso nos pode levar longe sobretudo fora das profissões, ditas, liberais.
Não vos masso com mais perguntas, de tão óbvias que são, mas recordo que nos países democráticos as profissões, excluindo os caos extremos, são completamente neutras ideológicamente falando.
PS: Pensando bem deixa fazer só uma pergunta que deixa questões idelógicas de fora sendo mais do foro deontológico:
Pode um advogado defender um réu que sabe ser culpado?
Cumprimentos
Caro Fernando Frazão,
Que as profissões são ideologicamente neutras em democracia é para mim uma absoluta novidade, a qual tenho alguma dificuldade em aceitar.
Quanto aos réus, mesmo os culpados, têm por lei o direito à melhor defesa que o seu advogado aceitar fazer, dentro dos limites da sua consciência pessoal.
Cumprimentos
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