17/11/10

O operário esquecido ( a minha homenagem )

Ontem vagueei pelas ruas de Lisboa. Já tinha saudades.
Ouço vários apelos à Greve Geral. São feitos através de megafones instalados em viaturas da CGTP. As vozes são femininas, mas devem ser gravadas, já que lá dentro só vejo homens.
Um dos apelos diz " A Greve Geral diz respeito a todos. Aos idosos, aos reformados, aos jovens e aos imigrantes."
Onde andarão os operários do meu país ?
Já lá vão os tempos da cintura industrial de Lisboa e Setúbal. Dos operários suados e barbudos que enchiam as ruas de Lisboa com os seus fatos de macaco.
Agora os fatos de macaco foram substituidos pelo fatinho completo ( Hermés ? Hugo Boss ?) e gravatas dos procuradores e dos funcionários públicos e pelas  togas dos juizes.
A esquerda dita radical come caviar e usa camisola de gola alta. Que saudade dos Américos Duartes, deputados da Nação.
No P.C.P. continuam a falar só russo e ninguém aprendeu mandarim ou coreano. Desactualizaram-se.
Os chefes mor do sindicalismo até se doutoraram e preferem ir aos Prós e Contras.
E já todos se esqueceram da letra da Internacional, se bem que desconfie que juizes, procuradores e funcionários públicos nunca  a tenham aprendido. Nos tempos em que era cantada deviam estar escondidos em casa com medo dos operários barbudos que desciam à rua com punhos ameaçadores.

Foto : grafitti numa esquina da Rua dos Sapateiros em Lisboa

3 comentários:

Galeota disse...

Eu pensava que se ia falar de gastronomia, do tal jantar...

António P. disse...

Já lá vamos, Galeota

Rogério G.V. Pereira disse...

Já não há operários
Nem ceifeiras
Fazendo
Bandeiras
Com foice e martelo
Agora há paz e descanso
Olhando um trigo amarelo
(ou será apenas farelo?)