A Tunísia é um pequeno país do qual pouco sabemos e a chamada "Revolução dos Jasmins" desapareceu dos noticiários logo que a revolta começou no Egipto e durante 18 dias as televisões mostraram-nos 24 h sobre 24 h a praça Tahrir, no Cairo, onde os soldados estiveram ao lado do povo, ou pelo menos receberam ordens das chefias para não disparar.
Mas o ritmo das revoltas tem sido tal que já ninguém fala do Egipto. Agora não há câmaras de televisão que cheguem para nos mostrar o que se passa no Irão, no Iemen, no Bahrein, na Palestina, na Jordânia, na Líbia, em Marrocos, etc, etc.
E o que mudou na Tunísia ?
E no Egipto o que se está a passar ?
Difícil saber. As atenções noticiosas estão agora nos locais das novas revoltas.
Mas o ritmo das revoltas tem sido tal que já ninguém fala do Egipto. Agora não há câmaras de televisão que cheguem para nos mostrar o que se passa no Irão, no Iemen, no Bahrein, na Palestina, na Jordânia, na Líbia, em Marrocos, etc, etc.
E o que mudou na Tunísia ?
E no Egipto o que se está a passar ?
Difícil saber. As atenções noticiosas estão agora nos locais das novas revoltas.
No Egipto todos, ou quase, saudaram a queda do ditador Mubarak. Eu saudei.
Muitos salivaram com mais uma revolução em que as Forças Armadas estiveram ao lado do povo. Eu já não salivei.
Muitos falaram dos 30 anos de ditadura de Mubarak ( 1981 a 2011 ) e esqueceram-se que o dito foi vice-presidente de Anwar El Sadat ( que foi presidente de 1970 a 1981 ) que por sua vez tinha sido vice-presidente do nacionalista e colectivista Gamal Abdel Nasser ( presidente de 1956 a 1970 ). Todos militares. Todos Generais. Ou seja as Forças Armadas dominam o poder político no Egipto vai para 55 anos.
Que no tempo de Nasser a esquerda salivasse compreendia-se. Ainda havia a URSS ( lembram-se ?) e depois o Movimento dos Não-Alinhados para grande satisfação da China. Nasser era um herói e era o tempo em que havia ditaduras boas e más ( e ainda as há, basta ver a posição do PCP , e não só, relativamente a Cuba, Coreia do Norte, Irão, Zimbabwe, etc ). Claro que muita esquerda apoiava as ditaduras boas. E Nasser era bom.
Claro que 55 anos de poder é muito tempo e a carne é fraca. Consta que o " império militar representa 1/3 da economia egípcia ".
Os soldados ao lado do povo e os Generais ao lado do capital...e quem manda são os Generais. Pois.
Derrubar um ditador corrupto pareceu fácil. E derrubar muitos Coronéis e Generais corruptos também o será ?
E agora é o Irão, a Líbia, o Bahrain, o Iemen, Marrocos, a Argélia, a Palestina, etc , etc.
Revoltas massivas mas sem , aparentemente, uma liderança e um programa claro do pós queda dos ditadores sejam militares ou reis.
A repressão é dura. Os mortos são às centenas e o futuro desses países e povos incerto.
Todos países árabes com excepção do Irão. Todos islâmicos. Todos estados corruptos.
Até à data, há dois países chave no chamado Médio Oriente, a Siría e a Arábia Saudita, onde não há notícias de revoltas. Aguardemos.
Tempo de reler Bernard Lewis e o seu livro, de 2002, " O Médio Oriente e o Ocidente. O que correul mal ? " ( editado pela Gradiva ), que termina assim :
" Para um analista ocidental, educado de acordo com a teoria e a prática da liberdade do Ocidente, é precisamente a falta de liberdade - liberdade de pensar livre de constragimentos ou slogans propagandísticos, de questionar, interrogar e falar; de iniciativa privada face à má gestão pública e à corrupção generalizadas; das mulheres em relação à opressão masculina; das pessoas em relação a regimes tirânicos - que está por detrás de muitos dos problemas fundamentais do mundo islâmico actual. Mas o caminho para a democracia, como a história ocidental amplamente demonstra, é longo e complicado, cheio de armadilhas e obstáculos.
Se os povos do Médio Oriente continuam pelo caminho actual, o bombista-suicida pode tornar-se uma metáfora adequada para descrever toda uma região, apanhada sen escapatória num círculo vicioso de ódio e vingança, frustação e autocomiseração, pobreza e opressão, redundando , mais cedo ou mais tarde, num novo período de dominação pelo exterior; talvez por uma nova Europa recuperando velhos comportamentos, ou por uma Rússia de novo poderosa, ou ainda por uma nova superpotência expansionista vinda do Oriente. Se os Muçulumanos souberem pôr de lado as queixas e a autocomiseração obsessivas, se se esforçarem por solucionar os seus diferendos internos e se forem capazes de polarizar os respectivos talentos, podem, mais uma vez, fazer do Médio Oriente, como na Antiguidade e na Idade Média, um ponto importante rm termos civilizacionais. Por enquanto, esta ainda é uma escolha que está nas suas mãos."
Revoltas massivas mas sem , aparentemente, uma liderança e um programa claro do pós queda dos ditadores sejam militares ou reis.
A repressão é dura. Os mortos são às centenas e o futuro desses países e povos incerto.
Todos países árabes com excepção do Irão. Todos islâmicos. Todos estados corruptos.
Até à data, há dois países chave no chamado Médio Oriente, a Siría e a Arábia Saudita, onde não há notícias de revoltas. Aguardemos.
Tempo de reler Bernard Lewis e o seu livro, de 2002, " O Médio Oriente e o Ocidente. O que correul mal ? " ( editado pela Gradiva ), que termina assim :
" Para um analista ocidental, educado de acordo com a teoria e a prática da liberdade do Ocidente, é precisamente a falta de liberdade - liberdade de pensar livre de constragimentos ou slogans propagandísticos, de questionar, interrogar e falar; de iniciativa privada face à má gestão pública e à corrupção generalizadas; das mulheres em relação à opressão masculina; das pessoas em relação a regimes tirânicos - que está por detrás de muitos dos problemas fundamentais do mundo islâmico actual. Mas o caminho para a democracia, como a história ocidental amplamente demonstra, é longo e complicado, cheio de armadilhas e obstáculos.
Se os povos do Médio Oriente continuam pelo caminho actual, o bombista-suicida pode tornar-se uma metáfora adequada para descrever toda uma região, apanhada sen escapatória num círculo vicioso de ódio e vingança, frustação e autocomiseração, pobreza e opressão, redundando , mais cedo ou mais tarde, num novo período de dominação pelo exterior; talvez por uma nova Europa recuperando velhos comportamentos, ou por uma Rússia de novo poderosa, ou ainda por uma nova superpotência expansionista vinda do Oriente. Se os Muçulumanos souberem pôr de lado as queixas e a autocomiseração obsessivas, se se esforçarem por solucionar os seus diferendos internos e se forem capazes de polarizar os respectivos talentos, podem, mais uma vez, fazer do Médio Oriente, como na Antiguidade e na Idade Média, um ponto importante rm termos civilizacionais. Por enquanto, esta ainda é uma escolha que está nas suas mãos."
1 comentário:
Penso que a leitura do ponto 22 da Encíclica "Caritas in Veritate" também nos pode ajudar a compreender a complexidades dos problemas actuais. Num mundo policêntrico, depois da queda dos "blocos"deveríamos tendo como promotor a O.N.U proceder a uma planificação global do desenvolvimento.
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