29/05/11

A campanha eleitoral, e não só, vista debaixo de um chaparro ( IV )

Ontem, sábado, fui a Lisboa. A um casamento. Pelo civil. Ao fim da tarde, que até se pôs bonita.
Ali para Cascais. Uma vista deslumbrante, com o Atlântico ao fundo. Cerimónia simples e descontraida. Um bolo de noiva original. E até deu para ver o Manchester United - Barcelona, a espaços. Uma vitória justa do Barcelona. Conversas de circunstância. Nada de política. Convém arejar o cérebro.
Chego a casa já tarde, início da madrugada. O chaparro lá continua. Não resisto em ligar o computador e rever o dia da campanha na net. Nos jornais e nos blogues que costumo ler.
O ódio continua.
Como vivemos em democracia podemos ouvi-lo e vê-lo, ainda bem.
E é por causa da democracia que voto no Partido Socialista.
Porque é o único partido que tem sabido, em várias circunstâncias, defendê-la. Não será o único mas é o único no qual sinto que a democracia faz parte da sua natureza.
Dir-me-ão que neste momento o sentir pouco importa. Que, com as dificuldades com que vivemos, o mais importante é a economia e termos uns tostões no bolso para comer. Pois, pode ser. Realmente a democracia não é comestivel. Ainda bem, se fosse alguns comiam-na e não deixavam nada para os outros.
Outros falar-me-ão da "asfixia democrática" que "este" Partido Socialista instalou. Não me façam rir. Numa sociedade em que a quase totalidade dos orgãos de comunicação social são privados ( ainda bem ) nunca vi, como nos últimos 6 anos, um ataque tão violento e calunioso a um primeiro ministro. Não me incomoda a violência dos ataques se forem políticos mas quando o deixam de ser, já me incomoda. 
Quando se viajava de paquete colavam-se nas malas de viagem as etiquetas da respectiva companhia de navegação, com o nome do proprietário. Ainda tenho cá em casa uma chapeleira da minha Mãe com a etiqueta da Companhia Nacional de Navegação, restos da viagem de regresso de Luanda, no "Príncipe Perfeito", em Agosto de 1964. Já lá vão 47 anos. Sou um aprendiz de colecionador e um sentimental.
Agora vejo a maioria dos fazedores de opinião encartados começarem a colar etiquetas côr de laranja, da companhia de navegação PSD, nas respectivas malas. Convinha não se precipitarem, até  porque pode ser que o barco continue com o mesmo comandante.
Voltando à "asfiixia democrática", não deixa de ser curioso que tenha sido na legislatura 2005-2009, quando  o PS tinha maioria absoluta, que se aprovou uma lei de restrição do número de mandatos dos autarcas, uma lei eleitoral para as eleições regionais no Açores que ampliou a possibilidade de partidos mais pequenos estarem representados na Assembleia Regional e um novo regulamento dos debates com o Governo na Assembleia da República. Regulamento mais exigente para o governo. Para quem queria asfixiar...não está mal.
Detalhes, dirão os meus leitores. Pois...mas há detalhes importantes. E como não sou nem nunca fui militante do Partido Socialista, nem falo da liberdade de aqueles que o são dizerem cobras e lagartos do secretário geral e até fazerem campanhas com outros partidos para construirem a grande esquerda, seja lá isso o que for.
Isto já vai longo e quase me esqueci que tudo começou com umas declarações da Dra. Manuela Ferreira Leite, que há uns tempos sugeriu a interrupção da democracia para resolver as dificuldades do país e agora sugere que se mande para o exílio ( pelo menos ) o actual 1º ministro, caso fique na oposição.
Pois, é difícil viver em democracia porque temos que viver com o contraditório e com os que são diferentes de nós.
Como não gosto que se mande para o exílio pessoas que têm opiniões diferentes da minha, votarei no Partido Socialista no dia 5 de Junho de 2011, com a certeza que no dia 6 de Junho a Dra. Manuela Ferreira Leite pode continuar a viver em Portugal. Assim ela queira. Eu quero.

7 comentários:

Jorge Pinheiro disse...

Mas podemos votar em alguèm que levou o país à bancarrota? Se estivesses em Oeiras, votavas Isaltino?! Mutatis mutandi, é a mesma coisa!

António P. disse...

Poupa-me, Jorge.
Um abraço e vota em quem quiseres.

Anónimo disse...

O meu voto será, exactamente pelos mesmos motivos que o seu, no Partido Socialista. Viva a Democracia!

Leonor Pinto

Anónimo disse...

AntónioPêpontamigo

Eu estou contigo; faz bem recordar as velhas palavras de ordem. Parece-me sensato não tira o coelho da cartola; ou seja há passos que não se dão, muito menos se compram. Já tá.

Abç

O rural disse...

Socratear, nunca corar!

Anónimo disse...

Essa comparação do Sócrates com o Isaltino é "catroguiana" ó expresso.
Ortega

Tia B disse...

estou contigo António. se as pessoas realizassem o que se vai perder não votando no PS teríamos maioria absoluta. gostaria de saber o porquê de tamanho ódio!
"aquele que for inocente atire a primeira pedra!"