16/06/11

Quando copiar era uma arte e sabiamos que seriamos punidos ...se fossemos apanhados

Estou a ficar velho e desactualizado.
Quando andei no Liceu copiar era uma arte. Cheguei a ter uma máquina de cábulas. Uma pequena caixa de fósforos com duas manivelas metálicas onde enrolava  um pequeno rolo de  papel vegetal. No papel vegetal escrevia, em letra minúscula, os tópicos que eventualmente me ajudariam no ponto do dia seguinte. Nunca fui apanhado. A máquina acompanhou-me do antigo 3º ano até ao 7º.  Depois disso guardei-a como uma relíquia. Numa gaveta da minha secretária. Era frágil e um dia não resistiu  a um acidente e tive que a deitar fora. Fiquei triste.
E quando víamos belas moçoilas chegarem ao Liceu com saias mais compridas, sim já havia mini-saias ( sou velho mas não tanto ), certo e sabido que as suas belas pernas estavam cheias de gatafunhos.
Quando alguém era apanhado a copiar , duas garantias :   a nota era um zero e olho da rua. E um bónus :  falta de castigo ou mesmo um dia de suspensão. Além de um par de estalos quando chegasse a casa. Muitos professores tinham no entanto o fair-play de avaliar se a técnica de copianço era merecedora de elogio, o que acontecia às vezes ...quando usavamos a imaginação
Já no Técnico a máquina de cábulas revelou-se pouco eficaz. Tive de utilizar outros métodos geralmente adaptados às características quer do terreno ( sala onde fazia o teste, como calcularão um anfiteatro é um cenário de "guerra" distinto de uma sala tradicional ) quer dos professores e assistentes da cadeira ( havia os "deixa andar" e os tipo polícia ).
A preparação de boas cábulas fazia com que, pelo menos no meu caso, tivesse de olhar para os livros, fazer sublinhados, sinteses, etc...ou seja acabava por estudar e as cábulas eram pouco utilizadas no dia do teste.
Na minha curta carreira académica  de cábula havia um código de conduta e nunca vi ninguém pedir perdão quando era apanhado. Riscos da profissão. Eramos punidos e ponto. E não recorríamos.
Hoje, pelos vistos, copiar dá direito a um prémio (clicar) .
Estava à espera que os senhores candidatos a  magistrados recorressem da pena  do prémio e pedissem agravamento do mesmo , pelo menos que fossem chumbados com distinção. Mas não. Que desilusão. Jovens candidatos a magistrados sem valores ,ou antes com 10.
Claro que houve quem nunca copiasse ou tentasse. Eram os betinhos e/ou marrões ( para ser meigo ), que ficaram virgens a vida toda, além de lhes terem caído as unhas dos dedos dos pés. Esses têm um lugar garantido no Paraíso, mesmo sem as unhas dos dedos dos pés.
Ámen.

2 comentários:

Pedro disse...

Uma vergonha que se estende sobre todos nós.
Se não fossem candidatos a juizes teriam seguramente um lugar à frente de qualquer dos partidos dominantes.
E não se sabe o nome dos meninos.
Imagina um julgamento em que o réu conhecendo estes pormenores e a perguntar: Qual a sua idoneidade para estar a julgar este caso?

Anónimo disse...

:-)
Eu confesso que nunca usei cábulas.
Por temer a minha reacção no caso de ser apanhada.

mas colaborei num cabulanço colectivo, ao transcrever uma formula em negativo, com giz na cadeira do professor, que como sempre usaria no dia do exame calças escuras de cetim, estas que, ao se sentar, iriam ficar sujas no rabo com a formula expondo-nos a solução, sempre que o professor se voltaria de costas.