06/06/11

Uma vitória sem som

A minha filha Matilde e o Luís vieram ontem de Inglaterra cá passar uns dias de férias. Merecidas. Chegaram às 19h 10. Fui buscá-los ao aeroporto de Lisboa e depois fomos para um jantar de família.
Assim sendo segui a noite eleitoral pela TV...mas sem som. Um jantar de família é mais importante.
Só vi os números e os rostos dos vencedores e dos derrotados.
Se não estivesse a ver os números, em rodapé no ecrã, os rostos de dois derrotados ( Louçã e Jerónimo ) pareciam de dois vencedores. O costume. Nunca perdem. Haja paciência.
 Já o de Paulo Portas era um misto. Mas pareceu-me tenso. Acreditou nos 15% ficou aquém, mas é claramente um vencedor.
O grande derrotado foi o PS. Parece-me que Sócrates tomou a decisão certa. Aguardemos as etapas seguintes que culminarão com uma nova liderança, mas mais importante com um novo programa que, espero,  saiba responder às necessidades actuais de um país integrado numa Comunidade, a Europeia. Que também precisa de ser repensada. Convinha que os partidos socialistas, trabalhistas e sociais-democratas europeus fizessem uma reflexão conjunta. Quem pensa que há soluções individuais vai-se espalhar.
O grande vencedor foi o PSD, mas vendo ( e não ouvindo ) Pedro Passos Coelho não parecia. No fim do discurso e uma vez que me apercebi que estava a cantar liguei o som. Era o Hino Nacional. Mas o jogo Portugal - Noruega não tinha sido na véspera ? Não são os hinos que ganham os jogos. São os jogadores e os treinadores.
Aguardemos pela equipa governamental do governo liderado pelo PSD. Os selecionáveis com qualidade não abundam.
 A campanha do PSD foi feita em torno de dois temas :
- correr com Sócrates na base de um discurso de ódio e como sendo o único responsável de todas as infelicidades dos portugueses ;
- a crise portuguesa nada tem a ver ( ou quase ) com a crise internacional.
O que me parece claramente insuficiente para mobilizar os cidadãos para o que se segue. E sem mobilização e participação vai ser difícil ganhar o desafio. Se a isso juntarmos algumas expectativas que Pedro Passos Coelho criou ( aos professores, aos funcionários públicos, em relação a impostos e crescimento da economia ) e de ter reaberto temas como o do aborto, a coisa ainda se complica mais, independentemente da legimitadade que os votos deram a mais um governo democrático da República Portuguesa.
Espero enganar-me.
Quanto aos números , percentagens, transferências de voto e sondagens fico à espera das análise dos especialistas.
Destaco um : a elevada abstenção, apesar de todos os apelos, mesmo os mais rídiculos como os de Durão Barroso a dizer que " estas eram as eleições  mais importantes  desde as de 1975." Para mim todas são importantes e cabe a todos , em particular aos políticos, saber mobilizar os cidadãos para os actos eleitorais e não só.

2 comentários:

Anónimo disse...

Em relação à abstenção quase ninguém falou daquele mistério de sermos um país com cerca de 10 milhoes de habitantes e 9 milhoes e tal de eleitores. Será que há assim tão poucos jovens e crianças? Ou a base de dados não está actualizada? ou será que o acerto não é relevante?
Ortega

Pedro disse...

Estou à vontade porque NUNCA falhei uma votação, mas espanta-me sempre a arrogância das percentagens que são (não só nesta volta) altamente enganadoras.
De facto os votantes nesta (ou na anterior) maioria, bem como os votantes no "Presidente de todos os Portugueses" são uma escassa minoria.
Longe de mim desdenhar a democracia mas ou os actuais partidos ou o povo por eles gerido não a merecem.