11/09/11

September, 11 - regresso ao passado

Há 10 anos por esta hora estava num café na Place du Havre, Paris.
A beber uma blanche, enquanto C. e duas filhas faziam o check-out no Hotel Londres-New York, para de seguida nos dirigirmos ao aeroporto Charles De Gaule e regressarmos a Lisboa.
Como estava na esplanada só me apercebi do que se estava a passar em Nova Iorque quando ouço, dentro do café, alguém que estava a olhar para uma televisão gritar : "Merde ! C' est pas possible !"
Fiquei logo com uma sensação estranha e de tristeza. Dirigi-me ao hotel para me reunir à família e apanharmos um táxi para o aeroporto prevendo que a situação do trânsito se iria complicar. O que se confirmou.
O motorista do táxi era um vietnamita a quem pedi para sintonizar o rádio nas notícias para ir sabendo o que se estava a passar. O seu francês não era brilhante e como tal não hesitei em sintonizar o rádio mesmo contra a sua eventual má vontade.
Começámos a receber os primeiros telefonemas de amigos e familiares em Lisboa. Que os vôos iam ser todos cancelados. Não apenas nos E.U.A, mas tambénas nas principais cidades europeias.  O nosso vôo era às 19h 25 m. hora de Paris. Que se receavam mais ataques.
Chegados à justa a Roissy, o caos já estava instalado. Polícia e exército por tudo o que era lado. Filas sem fim nos balcões de embarque. Se o aeroporto Charles De Gaule já é confuso em dias normais imagem-no nesse dia. Os telefonemas de Lisboa continuam a garantir que não íamos conseguir sair de Paris nesse dia.

Felizmente conseguimos, com cerca de 2 a 3 horas de atraso. Quando chegámos a Lisboa, o aeroporto da Portela estava silencioso, não havia as habituais multidões para receberem os amigos a familiares, mas apenas polícias e militares. Dentro e fora do edifício.
O resto da noite, já em casa, passei-a à frente da televisão, para tentar perceber o incompreensível.
Dez anos depois só desejo regressar a Nova Iorque.

Imagens digitalizadas de arquivo pessoal, sendo a foto do "Público" de 12.09.2001.

1 comentário:

Jorge Pinheiro disse...

Olha, e eu na véspera tinha dito a uma amiga em deslocação para NY para não ir às Torres, que aquilo podia explodir! Nunca mais digo nada