20/12/11

Emigrante

Já o fui. Duas vezes.
Em 1953, com os meus pais, em Angola. Tinha 3 meses. O meu Pai era funcionário público, terá ido à procura de melhores oportunidades. Conseguiu-as. Deu aos filhos a possibilidade de verem outras realidades. Eu, com a Mãe e 2 irmãos, regressei em 1964. O Pai em 1972. Não enriqueceu. Sempre foi funcionário público.
Em 1984. Já com 3 filhas. Até tinha um bom emprego numa boa empresa em Portugal. Mas havia que tentar dar às filhas algo que possivelmente não poderia dar se por cá ficasse. Trabalhei 2 anos na Arábia Saudita. Regressei porque senti que a família, que tinha ficado em Portugal, precisava de mim. Também não enriqueci, não era esse o objectivo.
Depois fui saltimbanco (que não emigrante) durante mais 5 anos.
E desde 1991 que estou muito sedentário.
Só faz bem variar e conhecer outros realidades, nomeadamente quando ainda temos força e vontade para o fazer.
Não recomendo nem deixo de recomendar que se emigre, apenas digo que hoje por hoje pensar que o mundo se reduz à nossa rua é perigoso.
Mas não sou 1º ministro ( felizmente para vocês). Se o fosse estaria a fazer tudo para cumprir o que disse na campanha eleitoral de há 6 meses ( seis, repito seis meses ) quando prometi que ia reduzir o desemprego, que não ia aumentar os impostos, nem roubar salários e que promoveria uma política de crescimento económico.
Lamentável não é só a forma como Pedro Passos Coelho aconselhou que alguns profissionais emigrassem, foi o não ter pedido desculpa por não cumprir as promessas que fez há 6 meses (volto a repetir : há apenas seis meses). Lamentável é termos um 1º ministro que não nos dá uma razão (apenas peço uma) para podermos continuar a acreditar que vale a pena viver e trabalhar em Portugal.
Lamentável , é também, ver a quantidade de pessoal menor que perdeu todo o espírito crítico  e criativo que aparentava ter quando antes vegetava em blogues anti-Sócrates e hoje se passeia pelos corredores do poder. Entraram num processo de degeneração evolutiva e perderam a espinha dorsal  (se é que alguma vez a tiveram). Hoje babam-se perante o que o Chefe diz e repetem obedientemente as palavras do dito. Nojento. Para já não falar de jornalistas (??) e fazedores de opinião encartados. Como eu (não) os compreendo, há que defender o lugarzinho ou como diria o outro a zona de conforto.
Uma coisa é governar com políticas que dificilmente agradarão a todos, outra é insultar os cidadãos.
Olhe, Sr. 1º ministro, não o aconselho a emigrar apenas lhe digo : "Vá à m*rda."

4 comentários:

Anónimo disse...

muito bem dito !! lena

ruim disse...

pedra por pedra; pois eu mando a senhora dele para a Guiné

Anónimo disse...

Não vejo qual o mal de ele ter dito que havia hipóteses para os professores (no tempo do Sócrates eram uma corja, hoje são coitadinhos...) arranjarem trabalho nos países lusófonos. O estranho seria garantir a construção de mais escolas e a importação de população para as encher.
Eu não estou à espera que o 1º ministro numa atitude paternal venha garantir que tenho um futuro risonho neste país. O meu pai já morreu e não estou à espera de um substituto. O meu futuro sou eu que o crio. O PM é um homem como qualquer um, não é bruxo.
Ortega

António P. disse...

Viva Ortega,
Se leste bem o meu post :
1º - Eu não falo se os profs eram ,são ou serão uma corja, podia lembrar-te é que quem está hoje no poder se colocou ao seu lado quando o governo Sócrates tentou fazer alguma coisa.
2º - Não digo em lado nenhum que é mau emigrar.
3º - Não digo em lado nenhum que precismaos de um paizinho...o meu Pai também já morreu ( vai para 24 anos ) e por cá ando.
4º -Ainda bem que PPC é um mortal como eu ou tu, só que nós não somos 1º ministro e ele é e o que eu digo é relembrar o que ele prometeu há 6 meses...e não me venhas com a cantilena que as circunstâncias mudaram, se houve situação em que um governo antes de o ser já sabia como estava a situação foi este...particparam no OE de 2011 e até recusaram PEC's.

Um abraço e um Feliz Natal.