25/04/12

Cristalizar

Ter podido viver, já como adulto, o 25 de Abril de 1974 foi um privilégio.
Foi um dia, ou antes uma semana (a do 25 de Abril ao 1º de Maio), que tenho a certeza nunca mais viverei.
Hoje, passados 38 anos, tenho outra certeza: valeu a pena.
Mas a sua celebração está cristalizada.
Hoje muitos saem  à rua como se ontem tivesse sido o 24 de Abril de 1974.
Mas não, ontem foi o 24 de Abril de 2012.
Ouviremos novamente: "Fascismo nunca mais, 25 de Abril sempre!". 
E alguns falarão de amanhãs radiosos que já foram enterrados pela história.
As soluções para os problemas que vivemos continuam por encontrar.
A maioria, acossada pelo desemprego e assaltos aos seus salários, procura sobreviver através de expedientes e afastando-se da actividade cívica.
A paz social que é elogiada por muitos, com o Presidente da República à cabeça, é uma treta.
A democracia vive do conflito e do contraditório, não da paz podre e da ausência de alternativas.
Aqueles que estão contentes com a famosa paz social serão os primeiros a dizer que é uma pena que a participação eleitoral seja tão baixa, quando houver eleições.
Esquecem-se é que foram eles que apelaram à resignação e um país de resignados só pode dar maus resultados.
Celebremos pois o 25 de Abril de 1974.
Mas amanhã é dia de luta.
Comecemos com coisas pequenas, como por exemplo, não permitir que nos roubem feriados que são parte da nossa memória e história ou contra o fim da Maternidade Alfredo da Costa.

2 comentários:

mdsol disse...

Sempre, meu caro António P.

O Rural disse...

Toda a gente gosta do maravilhoso 25 de Abril, a porra foi o dia 26 que chateia muita maralha, por causa do saneamento básico nas aldeias vazias e das autoestradas para passarem lagartixas.

Quem paga agora esse esbanjamento?