Secretas: o debate falhado

O Pedro não é parvo.

Escolheu, para o debate parlamentar quinzenal, o caso das secretas.

Ouvi o debate, até entrar a rapaziada da maioria que é irrelevante para o caso, e cheguei à conclusão que o debate não deveria ter sido sobres as secretas.

É que, como diz o Pedro, os personagens envolvidos na história nada têm a ver com as secretas.

Senão vejamos, eles são: um ex-espião e ex-funcionário da Ongoing (Silva Carvalho), um ministro actual (Miguel Relvas), jornais, jornalistas e grupos empresariais de telecomunicação, a saber a RTP (que vai ser privatizada), a Impresa ( que já detém canais televisivos) e a Ongoing (parceira ou ex-parceira de Balsemão) candidata a eventuais privatizações.

Pelo que leio nos jornais e ouço e vejo na televisão e rádio, anda tudo à volta da comunicação social e dos interesses envolvidos na privatização da RTP. O resto é "só fumaça".

Parece, pelos sms revelados, que o ex-espião ainda teve pretensões de influenciar a organização das secretas quando o PSD já "cheirava" o poder, mas rapidamente e com a chegada do PSD ao poder terá mudado de agulha, como o provam os encontros (ao lado do presidente da Ongoing) e comunicações com o agora ministro Miguel Relvas, que tutela a comunicação social.

E se rebobinarmos a fita, não deixa de ser curioso o ar ingénuo que muitos deputados laranjas revelaram, aquando do debate sobre o caso PT/TVI (ainda no tempo do anterior governo), quando perguntavam na sua "ignorância": "o que era isso da Ongoing". Mais tarde alguns foram para lá trabalhar.

Não será por aí que se deve questionar, em sede de comissão, o ministro Miguel Relvas?

Fico a aguardar o 2º round que começa dentro de momentos.

Espero que os partidos da oposição aproveitem o intervalo para acertarem, neste 2º round, uns upper-cut no Miguel Relvas.