07/09/12

Relógios, ensino profissional e o deserto

Tive um patrão, que por volta de 1990, me disse:
"António, ainda havemos de ter relógios através dos quais, além de ver as horas, poderemos enviar mensagens e falar uns com os outros. O problema é que a maioria não tem nada para dizer."
Quase que acertou, não são relógios (apenas por uma questão de tamanho, digo eu) mas são smartphones, ipads e similares.
E acertou quando previu que as pessoas, mesmo as iluminadas, pouco sabem e pouco (ou quase nada) têm a dizer aos outros.
Todos temos muitos "amigos" na facebook, enviamos muitos sms e muitas fotos uns aos outros...mas passamos o dia à frente do computador, e quando estamos em férias com os outros  o silêncio permanece, já que nos entretemos a enviar mensagens aos que não estão connosco.
A praia é um enorme deserto e os raios UV fazem mal à moleirinha, mas não aos dedos para teclarem nos telemóveis.
O que vale é que temos iluminados, que não devem ir à praia, e que têm tempo para pensar. É o caso do Prof. Carlos Fiolhais e do  jurista Pedro Lomba que desatam a falar do Ensino Profissional, do alto das suas cátedras, pensando que somos todos camelos.
O que mais me impressiona nestas posições sobre o Ensino Profissional é que, 38 anos após o 25 de Abril, ainda haja quem contraponha, a modelos recentes, o modelo do Estado Novo.
O modelo recente terá defeitos, de certeza. Haverá alternativas, de certeza. Mas colocar em cima da mesa o modelo do Estado Novo é coisa para dizer: "Poupem-nos, caros iluminados. Podemos não ter nada para dizer, mas não somos camelos"
Quando iluminados destes e ministros como Nuno Crato nos propõem um regresso ao passado é coisa para dizer: isto vai terminar mal.
Para estes senhores o futuro é um enorme deserto, e os camelos são eles.

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