25/02/14

Mário Coluna

Morreu hoje o grande capitão do Benfica dos anos 60 do século XX.
Quando o Benfica foi duas vezes Campeão Europeu, vivia em Luanda e era um miúdo de 8 anos. Ouvi na rádio as vitórias, mas foi como se as visse. Numa delas estava a ter uma explicação de matemática em casa da Berta Mano, professora e amiga dos meus pais.
Quando regressei a Portugal, em 1964, passei a ir aos estádios, ver principalmente a Associação Académica de Coimbra (clube do meu pai e tio). Não perdi, durante anos, jogo que se realizasse na região de Lisboa e Setúbal. Fui à Luz, a Alvalade, ao Restelo, à Tapadinha (do Atlético), ao Montijo, ao Alfredo da Silva (da CUF), ao Manuel de Melo (do Barreirense), ao Bonfim e ainda ao Jamor. E claro também ao velho Estádio do Calhabé, em Coimbra.
Já nos anos 1970 a 1972 , como sócio do Benfica, não perdi jogo nenhum no velho Estádio da Luz, já sem Mário Coluna.
E não há nada como os ídolos vistos ao vivo nos estádios ou ouvir, na rádio, os relatos.
Numa época em que os jogos nacionais eram ao domingo e os europeus às 4ª feiras e em que não havia as transmissões  televisivas que há hoje (em excesso) a deslocação aos estádios era uma festa. O meu pai e o meu tio Xico ainda compravam uma almofada, mas eu e os meus irmãos sentávamo-nos na pedra fria das bancadas e em dias de sol lá comprávamos um daqueles chapéus de cartão em forma de cone, com um cordel para o atarmos ao queixo. E de vez em quando havia um pacote de batatas fritas ou um dose de queijadas de Sintra.
À 2º feira lá comprávamos a "Bola" ( que saía às 2ª,5ª e sábados) e de vez em quando o "Mundo Desportivo" (já desaparecido).
Os casos dos jogo, se os houvesse, morriam no próprio jogo ou em discussões mais acaloradas, à volta de uma mejeca e de uns tremoços, lendo a opinião dos grandes Carlos Pinhão, Vítor Santos, e Aurélio Márcio.
Não tínhamos, como hoje, programas de televisão onde se discute até à náusea se foi ou não penalti ou fora de jogo, com o apoio de toda a tecnologia moderna.
E os ídolos da nossa adolescência são eternos. Foram eles que me fizeram gostar de futebol, mais do que de um clube, apesar de nessa época fazerem carreira praticamente num só clube, onde permaneciam 8 a 12 anos.
Da linha média e atacante desse grande Benfica que vi jogar ao vivo, já partiram:
José Torres (em 2010, com 71 anos), Jaime Graça (em 2012, com 70 anos), Eusébio ( em 2014, com 71 anos) e hoje foi a vez de MÁRIO COLUNA, o capitão.
Até sempre.

Sem comentários: