19/08/15

Presidenciais: quantidade = a mais qualidade?

Queira-se ou não se queira o tema das presidenciais está na berlinda.
À direita o calculismo e a disciplina dominam, daí ainda não haver nenhum candidato formalizado.
À esquerda (toda a esquerda) já tínhamos Henrique Neto e Sampaio da Nóvoa, ontem ficámos a saber que Maria de Belém avança e que o PCP mantém a tradição de ter um candidato (a anunciar depois de dia 4 de Outubro) para ir a todas e assim marcar terreno.
As tão famosas primárias terão começado, na Europa, aquando das últimas presidenciais francesas, quando o PS francês optou por esse caminho (o resultado, François Hollande, não terá sido brilhante), mas o processo revelou-se dinâmico e abriu o partido à sociedade.
Em Portugal umas primárias no PS (ou no PSD) para escolher um candidato presidencial nunca foi assumida abertamente, possivelmente quer por motivos dos poderes presidenciais, quer por, até hoje, os candidatos se terem apresentado como se de uma decisão pessoal se tratasse na tentativa de não ficarem condicionados partidariamente e assim reclamarem alguma independência.
Por isso seria de esperar que a apresentação de várias candidaturas, até agora só à esquerda, fosse um factor dinâmico e mobilizador do eleitorado, que teria a possibilidade, face ao sistema da eventual 2ª volta, de encarar a 1ª volta como umas primárias.
Engano meu.
A crispação quer, primeiro, com a candidatura de Sampaio da Nóvoa, quer agora com a de Maria de Belém, mostra que ambas são candidaturas territoriais e sem grande conteúdo.
Essa é a principal razão  porque, de momento, nenhuma das candidaturas me entusiasma (voltarei a votar branco?!) e não o facto de terem aparecido "fora de tempo", leia-se em período de campanha para as legislativas. Tivessem conteúdo e fossem mobilizadoras e até "ajudariam" os partidos e os eleitores da área que representam ou que tentam representar.
Como nota final recordo que na 1ª vitória de Mário Soares, em 1986, à esquerda havia Maria de Lurdes Pintassilgo, Salgado Zenha e Ângelo Veloso (que na 1ª volta desistiu a favor de Salgado Zenha). 
O resto da história já é conhecido: Mário Soares, que nas primeiras sondagens partiu com 7% (!!), ganhou e o PCP até comeu sapos, mas Mário Soares é Mário Soares.


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