12/04/07

Engenheiros ordenados e não ordenados !

No dia 5 de Abril li, no Abrupto, um texto de um seu leitor ( Jean Barroca ) que transcrevia parte dos estatutos da Ordem dos Engenheiros como segue :

"Analisando os estatudos da Ordem dos Engenheiros, logo de início, no artigo 2º, tratando das suas atribuições, aparece o seguinte:
/2 – Na prossecução das suas atribuições, cabe à Ordem:
g) Proteger o título e a profissão de engenheiro, promovendo o procedimento judicial contra quem o use ou a exerça ilegalmente;
Parece-me que estamos, no caso do cidadão José Sócrates, perante uma situação óbvia em que utiliza o título de Engenheiro ilegalmente.Vejamos, para comprovar o que digo, um pouco mais dos estatutos da Ordem:
///*Artigo 4.º* Título de engenheiro//Para efeitos do presente Estatuto, designa-se por engenheiro o titular de licenciatura, ou equivalente legal, em curso de Engenharia, inscrito na Ordem como membro efectivo, e que se ocupa da aplicação das ciências e técnicas respeitantes aos diferentes ramos de engenharia nas actividades de investigação, concepção, estudo, projecto, fabrico, construção, produção, fiscalização e controlo de qualidade, incluindo a coordenação e gestão dessas actividades e outras com elas relacionadas./ "
Ao lê-lo perguntei-me : eu licenciado em Engenharia Mecânica pelo IST, no ano de 1978, nunca tendo estado inscrito na Ordem dos Engenheiros posso ser designado por engenheiro ?
Estou-me nas tintas ! Actualmente até costumo dizer que sou engenheiro não-praticante !
Mas ao ridículo da importância (??) social de todos quererem ser doutores, engenheiros, arquitectos , etc, etc, junta-se a arrogância corporativa das ordens profissionais.
E a prová-lo aí está o caso entre a Universidade Fernando Pessoa e a Ordem dos Arquitectos. Vamos ver como termina. E pena é que este conflito não seja debatido.
P.S. :
a) no "meu tempo" ( os anos idos de 1970 ) quase ninguém se inscrevia na Ordem dos Engenheiros...o que não impediu que trabalhasse como tal em várias empresas portuguesas e estrangeiras e que me tratassem por Sr. Engenheiro.
b) O chamado canudo só o fui levantar ,na secretaria do IST, há meia dúzia de anos e para desilusão minha não é que é uma simples folha de papel com dois selos brancos e colocada dentro de uma capa dura !!! E eu à espera que fosse mesmo um canudo ! Santa ingenuidade

2 comentários:

hfm disse...

Gostei do post, conheço o mesmo cá por casa!

Quanto à citação do Renoir tb a achei deliciosa.

Anónimo disse...

" (...) Mas ao ridículo da importância (??) social de todos quererem ser doutores, engenheiros, arquitectos , etc, etc, junta-se a arrogância corporativa das ordens profissionais (...)".

Tu o disseste.

Nem tudo, porém, é "arrogância corporativa", nas Ordens profissionais. Nem essa arrogância - ridícula, quantas vezes - é responsável pelo ridículo que, de certo modo, a precede. Muito menos pela falta de qualidade profissional que emana de muitos títulos académicos, candidatos às Ordens.

De resto - e de novo - se as Ordens, em Portugal, são que são é (também) porque a lei lhes atribui esse estatuto.