28/10/07

"A cultura não nos protege de nada. A prova são os nazis"

É o título da entrevista (clicar) que Jonathan Littell deu à Babelia ( suplemento literário do El País ) ontem, dia 27 de Outubro.
Littell é o autor do Prémio Goncourt deste ano : "Les Bienveillantes".
Comecei a lê-lo em Julho e acabei-o em finais de Agosto. O personagem, Max Aue, é um ofical SS que conta na primeira pessoa a sua vida durante a 2ª Guerra Mundial, à qual sobrevive. Como deportado vai para França. Onde não tem dificuldade em passar por francês já que é filho de mãe francesa e pai alemão e fala um francês impecável. Depois casa-se e instala-se em França como director de uma fábrica de rendas : " Je suis tombé en bourgeoisie", diz na página 19.
Um dia resolve contar a sua história. "Que é sombria, mas edificante também, um verdadeiro conto moral, asseguro-vos", como diz logo na 1ª página.
É um livro asfixiante e perturbante que nos descreve não só os acontecimentos durante a guerra em várias cenários ( o interior das SS e do partido nazi, a batalha de Estalinegrado, os campos de extremínio dos judeus, etc ) contados por Aue mas também a sua história pessoal ( a sua relação com a mãe, a sua relação incestuosa com a irmã gémea, o seu homosexualismo ).
Mário Vargas Llosa disse que se trata " de um livro impressionante mas que não nos deixa resquício de esperança."
Quando terminamos a sua leitura será a sensação com que ficamos.
Tenho voltado ao livro. Para reler partes na tentativa de compreender melhor os acontecimentos e o personagem e encontro na página 26 :

" Mais gardez toujours cette pensée à l'esprit : vous avez peut-être eu plus de chance que moi, mais vous n'êtes pas meilleur. Car si vous avez l'arrogance de penser l'être, là commence le danger."

...e volto a ter alguma esperança (pouca).


Sem comentários: