05/02/09

4 de Fevereiro 1961. O dia seguinte

Nessa data vivia em Luanda. O 4 de Fevereiro foi um sábado. Um dos locais de confronto foi nas chamadas barrocas. Viviamos perto. Na Rua Eng. Armindo de Andrade. Perto do Cinema Miramar. Lembro-me do pai nos explicar , aos meus dois irmãos e a mim, o que se tinha passado e da necessidade de ter cuidado. Eu tinha 7 anos, a caminho dos 8. Frequentava a 2ª classe no Colégio "Gil Vicente", penso que na Brito Godins ( hoje terá outro nome ). Ia para a escola, muitas vezes, no Land Rover do Dr. Anibal de Oliveira, amigo dos pais, conduzido por um motorista negro. Assim continuou a ser, como explicado pelo pai. Na 2ª feira, dia 6, fui para a escola.
As memórias, ao fim de tantos anos, já são vagas. Muitos dos que as poderiam reavivar já morreram.
Depois também me recordo de ver pela primeira vez lá em casa uma arma. Uma pistola que o pai levava, à noite, quando participava na vigilância de civis no bairro. Durante o dia ficava na mesa de cabeceira do pai. Várias vezes lá fui espreitá-la com os meus irmãos. Nunca foi utilizada. Depois, com a chegada dos primeiros contigentes de militares portugueses por via marítima, essa vigilância civil acabou e a pistola lá ficou. O que aconteceu penso a 1 de Maio de 1961, com um desfile na marginal onde a população cantava bem alto o " Angola é nossa ".
Saí de Luanda em Agosto de 1964. Nunca mais lá voltei.

7 comentários:

Pedro disse...

Eu, nas mesmas datas, ouvia na rádio as tropas a desfilar ao som do mesmo "angola é nossa". Era o assunto das conversas, sempre inflamadas (que eu só ouvia).

Lília Abreu disse...

E lembro as novelas na rádio. trágicas...a falar em massacres e caetanas...justificando a n/permanência. Parece que foi ontem...

Anónimo disse...

... e o meu pai navegava até Cabinda, Luanda, às vezes, Novo Redondo, Lobito e Porto Alexandre, nos navios da S.G.

Anónimo disse...

Faltou Moçamedes.

António P. disse...

Viva Galeota,
também andou por lá nessa altura ?
Cumprimentos

Anónimo disse...

António,
Estive, em Angola, mais tarde, a bordo do "Quelimane" em 1972 e
no "Cassinga" posteriormente.
Cumprimentos

Anónimo disse...

Tantos que estiveram naquela terra e tantos que estão indo para lá!
A história parece que está a ser reescrita!