28/01/10

Há Livro de Reclamações na cantina do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público ?

Parece que abriu ontem o Ano Judicial.
Deve ser a maior concentração de ilustres juristas por m2 que se realiza anualmente. Dignamente acompanhados pelo Presidente da República e pelo 1º Ministro. Discursos são muitos. Do Bastonário da Ordem dos Advogados ao Presidente da República todo o bicho careta (sem ofensa ) fala. Ele é o Presidente do Supremo, ele é o Procurador Geral da República e ainda o Ministro da Justiça. Mandam recados uns aos outros.
O Procurador chora-se que precisa de mais meios. Francamente Sr. Procurador, já não há saco para esse peditório.
O Ministro, à saída e num belo vão de escada ( ou não estivessemos num palácio ) , fala em " mudar o paradigma legislativo em Portugal " . Francamente Dr. Alberto Martins, e qual é o actual ?
No fim, as televisões, ainda ouvem quem não falou. Um, o Sr. Presidente dos Magistrados do Ministério Público ( Dr. João Palma ) diz que não ouviu o Dr. Marinho Pinto. " Estava distraido na altura " (sic ). Ou teria passado pelas brasas ? Antes tivesse. O outro o Dr. Martins , presidente do Sindicato dos Senhores Doutores Juizes, diz que não está interessado em folclores, referindo-se ao Bastonário dos Advogados. Mas o programa televisivo do Pedro Homem de Mello não acabou ?
Ambos elogiam o discurso de Cavaco Silva. Será São Anibal o Santo Padroeiro destes Sindicatos ? Já faltou mais. Convém não ser tão tendencioso, Sr. Presidente. O da República.
O cidadão comum esse ficou de fora. Não foi convidado e ainda não há sindicatos de cidadãos. Ainda bem. Para corporações já bastam as que existem. Se me perguntassem o que retive de tal cerimónia diria, como cidadão comum, que os representantes da justiça ainda não perceberam que fora do Palácio há uns milhões de cidadão que são tratados abaixo de cão pela dita justiça. Cidadãos que lhes pagam os salários para que façam o seu trabalho a tempo e horas e não para falarem em justicês e em circuito fechado.
Os cidadãos, todos ( incluindo os juristas ), de vez em quando são promovidos. A utentes quando recorrem aos serviços públicos. A clientes quando comem num restaurante, dormem num hotel ou fazem uma compra numa loja de um centro comercial. Locais que os nossos juristas frequentam. E aí há Livros de Reclamações. E os utentes, clientes e juristas sabem pedi-los quando são mal servidos. Especialmente os juristas. Pudera...conhecem bem as leis e os privilégios do seu estatuto.
Onde posso pedir o Livro de Reclamações da justiça ? Nos tribunais ? Na Procuradoria Geral da República ? Nos escritórios dos advogados ? No Supremo ou no Constitucional ? Ou na cantina do sindicato dos Magistrados do Ministério Público ?

4 comentários:

tiomanuel disse...

Porque é que tem de haver um Ano Judicial?
Porque é que não há um Ano Medicinal, Engenheiral, Economistal, Letral, Financial e por aí fora?
Porque é que todos os anos temos de assistir a esta feira de vaidades de gente de toga e condecoração atirando recados uns aos outros sem enhumefeito prático?
Só grandes umbigos.
Haja paciência.

Galeota disse...

Tem sido um foguetório ...
Custa-me muito ver profissionais com tão grandes responsabilidades, no nosso país, tratarem-se uns aos outros com muito pouca elegância.
"Eu estava distraído, não o ouvi falar..."! É tão difícil educar os nossos filhos e alunos quando os exemplos são estes.

Anónimo disse...

Bravo, António! Também quero o livro de reclamações.

Pedro disse...

A responsabilidade é exclusivamente dos partidos que há anos dominam a política nacional, ou das pessoas que os integram.
Foram eles que moldaram a máquina judicial para se ajustar aos respectivos interesses partidários ou pessoais.