Bullying já todos ( ou quase ) sabem o que é ( ou pensam saber ), apesar de ser um termo inglês. Somos uns poliglotas e também um país de especialistas.
Já o chicken journalism, duvido que saibam o que é. Foi inventado por mim. Agora mesmo. Num momento de inspiração. Minto. Foi depois de ver jornalistas na TV e lê-los nos jornais a falarem e escreverem sobre tragédias que se passaram com duas pessoas.
Morre uma criança num rio e fala-se logo de bullying. Mesmo que não haja evidências. E a partir de uma tragédia toca de ir "descobrir" mais outras. Mesmo que antigas. Foi o caso do professor que se suicidou em Lisboa, há cerca de um mês. Mais uma tragédia individual. Mas os jornalistas tentam relacioná-las. Um era uma criança que estudava numa escola do interior, outro um professor da região de Lisboa. Logo dois casos de bullying
Ontem ou anteontem foi uma professora de Gondomar que terá sido mordida e pontapeada por uma criança de 10 anos. Vejo-a na televisão, suponho que à saída de um posto médico, com a manga arregaçada a exibir a mordidela no braço. E fala sobre a falta de autoridade dos professores. Também diz que a criança já estava sinalizada como problemática, mas aprentemente não há registos onde os devia haver. Conclui dizendo que a criança era mal aceite pelos colegas... "que tinha problemas de higiene pessoal "(??).
E passamos a semana toda a ouvir falar de bullying a partir de duas tragédias individuais, que jornalisticamente mereceriam o tratamento como tal. Sempre ouvi dizer que ao jornalista cabe saber contar a história. Para isso é necessário trabalho. Apurar factos. Falar com pessoas. Tentar compreender a realidade do meio onde as pessoas se movimentam. Dando aos leitores / ouvintes a possibilidade de concluirem por si.
Mas isso dá muito trabalho. Preferem ouvir o povo. Que está sempre pronto para dar palpites. Ou entrevistar especialistas ( psicólogos, polícias, oo qualquer outro que esteja mais à mão ) que a kilometros de distância e sem conhecerem o caso em particular enchem-nos os ouvidos de banalidades, que até eu sou capaz de debitar. Ou ainda entrevistar políticos ( ministros, deputados , presidentes de juntas de freguesia, etc ) que, qual povo, também não resistem a terem uma câmara de telvisão à frente para dizerem mais umas baboseiras.
E assim se passou uma semana em que problema nº 1 de Portugal foi o bullying.
Segunda feira começa uma nova semana. Qual será o tema ? Palpita-me que se houver dois assaltos a carros, um em Bragança e outro em Faro, será o carjacking. English again !
É a isto que eu chamo chicken journalism. Em português : jornalismo galináceo. Sem ofensa para as galinhas.
3 comentários:
Pois,...as alcoviteiras cacarejavam à soleira da porta.
Tem toda a razão. Reforço só que o termo é usado para o que deve e o que não deve. Muitos fraquinho o jornalismo, muito mesmo.
:))
Bom dia,
Caso pretendam obter mais informações sobre o Carjacking em Portugal, acedam a www.carjacking.com.pt, onde irão encontrar notícias, formas de o evitar, entre outros.
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