19/05/15

O facebuque como confessionário

Quando miúdo ia confessar os meus pecados (ou seriam angústias?) ao confessionário.
Ao padre de serviço.
Que me mandava rezar umas Avé Maria ou uns Padre Nosso. Ficava purificado, segundo ele. Eu ficava aliviado e no domingo lá ia à comunhão. Gostava de hóstias, mesmo quando se colavam ao céu da boca.
Depois, na idade da razão, deixei-me disso.
Hoje os que estão na idade da razão substituíram o confessionário pelo facebuque.
Descarregam as suas angústias (ou serão pecados? ou os dois?) no facebuque.
São contra o acordo ortográfico: toca de botar petições e piadolas.
São contra a troika: idem.
São contra a violência policial ou das claques de futebol: toca de botar bostas postas a mostrarem a sua indignação.
Não custa nada. São os minutos de escrita, se tanto, na comodidade de uma secretária à frente de um computador ou na pressa de um ipad enquanto conduzem ou tomam um café.
Depois continuam no seu conforto de indignados instalados, não sei se purificados, mas de certeza aliviados.
E a vida continua!

2 comentários:

Anónimo disse...

Antes isso que droga, ou álcool ou vicio do jogo, ou ainda pagar fortunas a um psiquiatra.

Anónimo disse...

É exactamente o mesmo que você faz aqui. Arrota umas bostas de pescada e sente-se purificado e justificado.