11/07/06

A França segundo Ortega y Gasset.

Do mesmo prólogo ao mesmo livro ( " A Rebelião das massas" ) de Ortega y Gasset, que ontem citei. Depois da Inglaterra agora a França :

" A demagogia é uma forma de degeneração intelectual que, como amplo fenómeno da história europeia, aparece em França por volta de 1750. Porquê nessa altura ? Porquê em França ? Este é um dos pontos nevrálgicos do destino ocidental e especialmente do destino francês.
O facto é que a França crê desde essa altura, e por irradiação quase todo o continente, que o método para resolver os grandes problemas humanos é o método da revolução, entendendo por tal o que Leibniz já chamava de "revolução geral", a vontade de transformar de súbito tudo e em todos os géneros. Mercê disso, essa maravilha que é a França chega em más condições à difícil conjuntura do presente. Porque esse país tem ou julga que tem uma tradição revolucionária. E, se ser revolucionário já é coisa grave, quanto mais sê-lo, paradoxalmente, por tradição ! É certo que em França se fez uma Grande Revolução e várias sinistras ou ridículas, mas, se nos ativermos à verdade nua dos anais, o que encontraremos é que essas revoluções serviram principalmente para que a França vivesse mais do que qualquer outro povo, durante todo o século, salvo uns dias ou umas semanas, sob formas políticsa numa ou noutra dose autoritárias e contra-revolucionárias. Sobretudo, a grande depressão moral da história francesa que foram os vinte anos do Segundo Império deveu-se muito claramente à estroinice dos revolucionários de 1848, grande parte dos quais o próprio Raspail confessou terem sido antes cliente seus. "
Relembro que este texto foi escrito em 1937 !! A dois anos do inicío da 2ª Guerra Mundial. E ainda houve Vichy e a colaboração com as tropas alemãs de muitos franceses nomeadamente na denúncia de judeus. Porquê ficar admirado com a posição francesa sobre a Europa e a constituição ?

2 comentários:

Sofia disse...

Olá,
Passei para desejar uma boa noite.
Abraços,
Sofia

Anónimo disse...

Não posso estar mais em desacordo. Claro que é verdade que houve Vichy e que a colaboração com os nazis não foi obra de meia duzia como está hoje amplamente provado (nem os Resistentes eram tantos assim).
Mas exhumar textos de 1937 para dizer mal da França é, hoje, para além dos nossos amores e desamores pessoais, uma batalha política de abate de quem "marcou" o abandono de uma Constituição mal parida e vendida aos cidadãos e de quem insiste em contrariar a única tentativa séria de resistência a uma ideia de liberalismo económico e social que, deixado à solta como o pretende o triste Presidente da Comissão e, sobretudo outros menos tristes, instalaria a selvajaria social. E se não acreditam que ela ainda existe, vejam o que acontece em muitos países fora da Europa (por enquanto).
Mais ainda em esacordo estou quando leio encómios aos ingleses (que protestam contra muita coisa menos contra o seu "cheque" (não que a PAC seja coisa correcta). Um povo de hombres não tem aquela soberba indiferença pelos outros povos que tanto caracteriza o pensamento profundo inglês, que tantas marcas deixou pelo mundo fora á medida do seu expansionismo colonial
Desculpa lá António! Mas ao conjunto de "chavões" de Ortega Y Gasset não se pode senão responder com o que seja, talvez, outro conjunto de chavo~es. Mas eu atribuo de facto importãncia à luta da França em defesa do seu conceito de "serviço público"
M.Levy
PS _ Obrigado pela foto. O EG mandou-ma em mail