25/09/07

ANOREXIA : mais uma campanha fácil

Agora é uma empresa de roupa italiana ( a "No-l-ita" ) que com o apoio do Ministério da Saúde italiano lança uma campanha publicitária para dizer "Não à anorexia". A campanha terá fotografias de Oliviero Toscani. Que serão afixadas em panéis publicitários nas cidades italianas e publicadas ( em dupla página ) no diário La Repubblica.





Diz Toscani que o objectivo "é utilizar o corpo nu para mostrar às pessoas a realidade da doença, causada na maioria dos casos por estereotipos impostos pelo mundo da moda."
Toscani pode ser ( é ) um bom fotógrafo mas não é de certeza psiquiatra. Nem bom . Nem mau. Pura e simplesmente não é psiquiatra.
Eu também não . Mas sei, por experiência vivida ( desde há sete anos ) com alguém que me é muito querido, que esta é a abordagem fácil. A anorexia é uma doença do foro psíquico e comportamental e como tal é difícil ser vista. Acaba por ser vista no corpo. De uma forma dramática. Mostrar corpos nus poderá ser rentável para o fotógrafo e para a fábrica de roupas, duvido que sirva para a curar. Terá o aspecto positivo de trazer para a discussão a doença e tenho a esperança que a comunicação social saiba ir falar com os especialistas em vez de nos "entreter" com simplismos e banalidades.

Como disse a Dra. Dulce Bouça ( clicar ) ( psiquiatra do Hospital de Sta. Maria e assistente da Faculdade de Medicina de Lisboa ) , aquando da proibição dos modelos magros desfilarem em Madrid, " as imagens de modelos de baixo peso, valorizado pela indústria da moda, não bastam para uma adolescente desenvolver uma doença de comportamento alimentar. Essa é a explicação fácil."
A experiência ensina-nos sempre alguma coisa. E a vida é tão curta que há que saber utilizar o que aprendemos. Aprendi que não vale a pena pensarmos que todos sabemos um pouco de psicologia e como tal saberemos tratar a doença " à nossa maneira". Não sabemos nada. Quem for por esse caminho só agravará a doença ou atrasará a cura. E mesmo que soubessemos, a anorexia não é para ser tratada por psicólogos por muito bons que sejam. É para ser tratada por médicos psiquiatras especializados na área. Também não vale a pena os pais interiorizarem um sentimento de culpa pelo que está a acontecer à filha ( ou ao filho ). Há que concentrar todos os esforços no tratamento sob a direcção do médico. Vai custar. Serão confrontados. Ficarão abalados. Serão postos em causa. Chorarão. Dias haverá que se sentirão destruidos. Mas lembrem-se que quem está doente é a vossa(o) filha / filho. E mais importante : a cura é possivel. O tratamento será, muitas vezes, longo. Duro. Mas quem pensa que vivemos num mundo de facilidades desengane-se. E continuem a pensar que quem precisa de ajuda é o vossa(o) filha/ filho.

1 comentário:

Jorge Pinheiro disse...

100% de acordo.